Entre as 272 cidades do Pa�s que n�o t�m nenhum m�dico nas equipes do Programa Sa�de da Fam�lia (PSF), somente 12% receberam profissionais vinculados ao Mais M�dicos. Os n�meros demonstram que a rejei��o a esses munic�pios persiste: quase metade dos 33 beneficiados (17) ter� apenas m�dicos cubanos, designados pelo governo federal.
Segundo cruzamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, 189 das cidades (69%) com esta car�ncia de profissionais pediram m�dicos para o programa nas duas etapas de sele��o. Entre elas, somente 48 (25%) foram consideradas priorit�rias pelo governo, apesar de n�o terem nenhum m�dico no PSF - a sa�de da fam�lia � um dos focos do programa. Criado em 1994, o PSF se tornou essencial em comunidades em situa��o de extrema pobreza e regi�es mais distantes. O sistema, que inclui visitas domiciliares dos profissionais �s fam�lias, permite que haja um monitoramento mais pr�ximo.
Segundo especialistas da �rea da sa�de, um atendimento correto � capaz de suprir 80% das demandas b�sicas de sa�de, como atendimentos corriqueiros e acompanhamento de doen�as cr�nicas, como hipertens�o e diabete. N�o � toa, a prioridade do Mais M�dicos � compor equipes de aten��o b�sica nos munic�pios. O problema � que, mesmo estando entre as cidades priorit�rias, a maioria continua sem m�dico porque n�o foi atendida pelo programa. � o caso de Jandira, com 110.842 habitantes, na Regi�o Metropolitana de S�o Paulo. A cidade n�o tem equipe de sa�de da fam�lia e requisitou 28 m�dicos ao governo federal.
"O que eu posso dizer � que estou frustrado, decepcionado. Pedimos 28 m�dicos. N�o esperava receber todos, mas pelo menos um ter�o disso", afirmou Elissandro M�rcio Lindoso, secret�rio municipal de Sa�de do munic�pio. De acordo com ele, a cidade enfrenta s�rios problemas de fixa��o de m�dicos por causa da quest�o salarial. A prefeitura paga, em m�dia, R$ 5 mil por um contrato de 40 horas semanais, a metade do valor que ser� pago no Mais M�dicos. No in�cio do ano, Jandira pediu ao governo profissionais pelo Programa de Valoriza��o da Aten��o B�sica (Provab), voltado para rec�m-formados em Medicina. A bolsa � de R$ 8 mil. "Quatro m�dicos se inscreveram, dois desistiram no meio, dois vieram trabalhar e s� um continua. � muito dif�cil", diz o secret�rio.
A situa��o se repete de Norte a Sul do Pa�s, em cidades pequenas e de regi�es distantes. O munic�pio de Carrapateira, na Para�ba, por exemplo, n�o tem nenhum m�dico de sa�de da fam�lia para os 2.441 habitantes. A cidade requisitou profissionais ao programa, foi considerada priorit�ria, mas acabou n�o sendo contemplada. O mesmo aconteceu em Itapevi, na Grande S�o Paulo.
Para Laura Camargo Macruz Feuerwerker, professora da Faculdade de Sa�de P�blica da Universidade de S�o Paulo, enquanto os m�dicos brasileiros puderem escolher para onde ir, vai continuar faltando m�dico na aten��o b�sica. "A demanda dos munic�pios mais distantes s� ser� preenchida quando o governo disser onde os m�dicos precisam ir", avalia. "Em geral, os brasileiros preferem se alocar em cidades maiores onde poder�o trabalhar no SUS e na sa�de suplementar", completa. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.