A primeira coisa que o boliviano Alex Guinones Pedraza, de 33 anos, fez ao ser solto da cadeia na ter�a-feira, foi assistir ao filme "Cidade dos Anjos". O DVD � o �ltimo presente que recebeu da namorada, Dina Vieira da Silva, de 42 anos, no domingo, dia 15, quando ele e a filha de 6 anos do casal deixaram o apartamento da fam�lia, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande S�o Paulo. Um dia depois, ele encontrou os corpos de Dina e seus quatro filhos, todos menores de idade, dentro da resid�ncia. Detido por suspeita de ter matado a fam�lia por envenenamento, acabou solto ap�s uma reviravolta no caso.
Preso, Pedraza n�o pode enterrar a fam�lia e ainda n�o contou � filha que a m�e e os irm�os morreram. A pol�cia declarou no in�cio das investiga��es que pediu a sua pris�o tempor�ria ap�s levantar queixas de agress�o de Dina contra ele e apreender restos de bolo e suco que poderiam estar envenenados. Na televis�o, o chamavam de "boliviano assassino". Uma reportagem mostrou que Dina comunicou ter sido amea�ada de morte. O caso foi relacionado a outros famil�cidos, como o da fam�lia Pesseghini, em que um garoto de 13 matou os pais, a av�, a tia-av� e depois se suicidou. Falava-se em uma onda de assassinatos entre pais e filhos.
Pedraza conta que no �ltimo final de semana com Dina todos estavam felizes. "Ela pensava em comprar um carro. Fomos ao mercado. Fizemos compras. Almo�amos e conversamos. Ela estava muito carinhosa e deu um filme para eu assistir, "Cidade dos Anjos". Na hora em que ela foi se despedir da filha, ela ficou abra�ando bastante", afirma.
A descoberta das mortes
Pedraza conta que pela janela ele viu as crian�as jogadas no ch�o e pelo hor�rio - eram 23h - ele achou que elas estavam dormindo. "Fiquei batendo na janela achando que elas fossem acordar". Segundo ele, nessa hora o s�ndico estava passando e ele o chamou dizendo que as crian�as estavam desmaiadas. "Comecei a chorar e gritar. Um dos vizinhos de cima era policial e falou para arrombarmos a porta. Ele pegou a arma e desceu. Ningu�m sabia o que era. O policial arrombou e n�o me deixou entrar. Os tr�s mais novos me chamavam como se fosse pai. Conhecia todos desde crian�a."
Mesmo sendo inocente, ele diz que ficou com medo de ser condenado. "Se ela se envenenou e botam a culpa em mim? Nunca me imaginei numa situa��o dessas, fiquei um pouco confuso. Vai que ela tivesse feito isso mesmo."
Ao ser solto, ele conta que ficou escondido. "Achei uma injusti�a falarem que eu era o culpado. J� falavam que eu era o boliviano assassino. Falaram que eu estava b�bado, mas eu n�o conseguia nem falar. Fiquei desesperado. Mas n�o estava b�bado."
Em junho deste ano, um rapaz casado h� 7 dias tamb�m morreu da mesma forma no mesmo apartamento e a pol�cia ainda n�o decidiu se vai pedir a exuma��o do corpo.