O crime organizado quer influenciar as decis�es do Supremo Tribunal Federal e se infiltrar na corte. � o que demonstram as intercepta��es telef�nicas feitas pelo Minist�rio P�blico.
A a��o dos bandidos foi detectada pela primeira vez em 2010 e envolveu uma articula��o entre pelo menos dois integrantes da Sintonia Final Geral, a c�pula da fac��o, e advogados que trabalhariam para a Sintonia dos Gravatas, o departamento jur�dico do PCC.
No dia 28 de agosto de 2010, � 0h46, Daniel Vin�cius Can�nico, o Cego, conversou com uma advogada identificada pelo MPE como Maria Carolina Marrara de Matos. Ele reclama de que dificilmente um benef�cio legal � concedido aos detentos da Penitenci�ria 2 de Presidente Venceslau, onde est� a maior parte da c�pula da fac��o.
A advogada revela ent�o o plano de reunir diversos recursos negados pela Justi�a de S�o Paulo aos integrantes da fac��o, como pedidos de concess�o do regime semiaberto. Diz a Cego que o “irm�o” dela “foi chamado para trabalhar com um ministro, o (Ricardo) Lewandowski”.
O Estado procurou entre os funcion�rios do gabinete do ministro algum que tivesse o mesmo sobrenome. N�o encontrou. Tamb�m procurou a advogada nesta sexta-feira (11). Ela negou que conhecesse algu�m no STF. Disse que seu irm�o n�o trabalha l�. “A acusa��o � um absurdo e eu tenho como provar”, disse.
No telefonema, Cego pede que a advogada fa�a o que prop�e e ela afirma que vai a Bras�lia falar com o ministro. N�o h� nenhuma indica��o na investiga��o de que a conversa realmente tenha ocorrido.
Em 15 de setembro de 2010, os investigadores surpreenderam um dos maiores traficantes do PCC, Edilson Borges Nogueira, o Biroska, pedindo para sua mulher que procurasse uma advogada identificada como Lucy de Lima. A advogada devia contatar um pol�tico de Diadema, no Grande ABCD, para que ajudasse a obter benef�cios no cumprimento de sua pena.
O pol�tico era um vereador da cidade - Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT). Ao Estado, Maninho disse que teve contato com Biroska apenas quando era crian�a, pois o pai dele (“Seu Non�”) era guarda da prefeitura de Diadema e o irm�o � metal�rgico. Maninho militou no sindicato dos metal�rgicos. “Repudio o PCC, mas gosto muito de seu Non�.” Maninho negou que tenha sido procurado pela advogada.
Biroska queria que o vereador testemunhasse em seu favor. A investiga��o n�o detectou se o pol�tico foi contactado pelo PCC. Biroska � o chefe do tr�fico em Diadema. Dias antes (24 de agosto), Biroska conversa com uma mulher identificada como a advogada Lucy. Ela trata do recurso que est� tentando para ajudar seu cliente e afirma que vai se encontrar com um ministro do STF. Ela quer tratar de um habeas corpus cujo relator, segundo o MPE, era Joaquim Barbosa - o ministro negou o habeas corpus.
Resist�ncia
O Estado procurou ainda a advogada Lucy e deixou recado no telefone celular. Nenhuma das advogadas foi denunciada pelo MPE. A tentativa de influenciar os tribunais superiores teria como objetivo vencer as resist�ncias encontradas pelos bandidos para a concess�o de benef�cios. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.