A internet j� � realidade nas favelas do Pa�s. Como efeito de melhorias significativas em seus indicadores socioecon�micos nos �ltimos anos, mais da metade (52%) dos moradores de comunidades brasileiras tem acesso � rede - um quarto deles, diariamente.
Os n�meros s�o parte de uma pesquisa do Instituto Data Favela realizada em 63 comunidades na �ltima semana de setembro, nas regi�es metropolitanas de S�o Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Par�, Cear�, Pernambuco, Bahia, Paran�, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
“Essa disparada da internet nas favelas come�ou nos �ltimos tr�s anos”, diz Renato Meirelles, presidente do Data Popular e s�cio do Data Favela, juntamente com Celso Athayde, presidente da Central �nica das Favelas (Cufa). “Se antes a TV era a janela do mundo para os moradores, a internet apareceu como vitrine: nela, o morador, principalmente o jovem, pode se mostrar e mostrar a sua realidade”, diz.
Segundo a pesquisa, 50% dos domic�lios das favelas j� possuem conex�o com a internet. A mais comum � a banda larga, seguida por modem m�vel 3G. “� uma quest�o cultural que vai para al�m da pr�pria tecnologia. � global: a barreira entre a favela e o asfalto se rompeu, essa troca cultural existe”, diz Claudia Raphael de Oliveira, coordenadora estadual da Cufa-SP. “E uma das ferramentas que tanto a popula��o do asfalto como a da favela encontram para interagir � justamente essa �rea livre de comunica��o que � o territ�rio da internet, onde as pessoas s�o iguais pelo pr�prio fundamento da ferramenta”, diz.
Mobile
O computador de mesa ainda � o meio mais utilizado para acessar a internet, por�m 41% j� navega pelo celular, seguindo a tend�ncia mundial de explos�o dos dispositivos m�veis. Entre os jovens, metade usa o aparelho para se conectar. Ainda segundo a pesquisa, hoje nove em cada dez moradores de favelas possui um celular. Em 2002, a marca ficava abaixo de 30% da popula��o.
Para Meirelles, a penetra��o dos dispositivos m�veis nas favelas, como j� ocorre no resto do Pa�s, tende a crescer mais e mais. “O pr�ximo passo das favelas brasileiras � o mobile.”
Ele pontua que o uso da internet atende a duas fun��es principais: melhora na qualidade de vida e divers�o. “Com o acesso � rede, a pessoa manda curr�culos, estuda pela internet, paga contas e resolve um monte de problemas do dia a dia. A outra quest�o � mais de entretenimento, como ouvir m�sicas e acessar as redes sociais”, diz.
A penetra��o das redes sociais nas comunidades impressiona. Segundo o instituto, 85% dos usu�rios das favelas possui um perfil no Facebook. Apesar de o Brasil ser o segundo maior mercado da rede social, nacionalmente essa marca ainda fica abaixo dos 40% dos usu�rios.
Sinal compartilhado. Segundo a pesquisa, um em cada quatro moradores afirma conhecer algu�m que compartilha o sinal de internet com o vizinho ou utiliza o do vizinho. Claudia, da Cufa, explica que, al�m da cultura de compartilhamento presente na comunidade, a pr�tica � por vezes a �nica sa�da de alguns moradores, j� que muitos locais n�o est�o cobertos pelas operadoras.
“O que mais tem aqui � compartilhar a internet com os vizinhos”, diz Diego Lima, de 22 anos, que mora em Parais�polis, segunda maior favela de S�o Paulo. “N�s, por exemplo, usamos o WiFi em quatro: a gente divide a conta igualmente”, afirma.
Diego usa a internet todo dia, pelo notebook e pelo celular. “Gosto de pesquisar coisas do mundo da m�sica, para ficar atualizado”, conta. Diego � integrante de uma banda de hip hop, que realiza shows na comunidade. O grupo tamb�m usa a rede para divulgar seu trabalho e se conectar com os f�s: “Sempre atualizamos nossa p�gina no Facebook, que j� tem mais de 800 curtidas”, diz.
