S�o Paulo, 06 - A quadrilha suspeita de fraudar a arrecada��o do Imposto sobre Servi�os (ISS) e causar preju�zos de at� R$ 500 milh�es aos cofres municipais tinha tamb�m a ajuda de funcion�rios de grandes construtoras e de despachantes, apontam as investiga��es do Minist�rio P�blico Estadual (MPE) e da Controladoria-Geral do Munic�pio (CGM). Tr�s intermedi�rios j� foram identificados. Em m�dia, o grupo obtinha R$ 280 mil por semana em propina.
Respons�veis por fazer a ponte entre megaorganiza��es e auditores fiscais, despachantes e funcion�rios das empresas levavam o dinheiro em esp�cie na sede da Prefeitura ou no Caf� Vermont, na Pra�a da Rep�blica, regi�o central. Em troca, recebiam parte da propina. As investiga��es ainda n�o identificaram quanto ganhavam os funcion�rios das empresas, mas os despachantes levavam 10% da propina quando atuavam como intermedi�rios.
At� agora, as investiga��es apontam o nome de pelo menos tr�s pessoas que teriam ajudado o grupo liderado pelo ex-subsecret�rio da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues. Seriam os despachantes Wanderlei Gabaroto, Mois�s Auchuir e Gilberto Coz, que tem uma consultoria de regulariza��o de constru��es na Mooca, zona leste.
Questionado sobre o esquema, Coz declarou desconhecer a fraude no c�lculo de tributos. “Ronilson (Rodrigues) eu conhe�o de nome. Eu conhe�o muitas pessoas da Prefeitura, mas desconhe�o esses esquemas”, disse o despachante. “Pelo menos nos processos que eu cuidei foram feitas guias normais. N�o sei se isso acontecia com outras empresas, mas nas dos meus casos, n�o”, afirmou. A reportagem n�o conseguiu localizar os outros dois despachantes.
De acordo com dados obtidos na investiga��o, os pacotes de dinheiro eram entregues por membros da quadrilha na casa de Rodrigues, na Rua Conde de Iraj�. Na �poca, cada um dos quatro integrantes da quadrilha - Rodrigues, Eduardo Horle Barcellos, Luis Alexandre Cardoso Magalh�es e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral - recebia R$ 70 mil.
Antes de Rodrigues passar a liderar o esquema, a partir de 2010, segundo a investiga��o, era Amilcar Can�ado Lemos quem recebia o dinheiro. Ele levava R$ 60 mil por semana. Procurado ontem, Lemos n�o respondeu �s liga��es.
A �nica empresa que pagava via dep�sito banc�rio era a Brookfield, de acordo com a investiga��o. A empresa admitiu ao MPE ter pago R$ 4,1 milh�es � quadrilha. Outras companhias, como Tarjab, Trisul, BKO e Alimonti, teriam feito todos os pagamentos de propina em dinheiro. Elas afirmam n�o ter sido notificadas pelo MPE sobre as investiga��es.
Quadrilha
A CGM tenta agora estabelecer qual � o tamanho do bando. Estima-se que pelo menos oito servidores fa�am parte do grupo. Outro funcion�rio que aparece nas investiga��es � Arnaldo Augusto Pereira, que tamb�m ocupou o posto de subsecret�rio da Receita. Ele seria respons�vel por levar Rodrigues para o Departamento de Arrecada��o. Pereira tamb�m foi procurado pela reportagem, mas n�o respondeu.
Nas pr�ximas semanas, funcion�rios citados nas investiga��es devem ser afastados de seus cargos. Ontem, foi a vez de Magalh�es. Liberado da pris�o anteontem ap�s aceitar a entrada no programa de dela��o premiada, o servidor foi suspenso ontem dos quadros da Prefeitura de S�o Paulo por 120 dias. A decis�o foi publicada no Di�rio Oficial da Cidade.
Fabio Camargo Remesso foi suspenso do cargo na semana passada, ap�s ter sido apontado como mais um integrante do esquema de fraude no ISS. Auditor fiscal de carreira, atuava como assessor na Secretaria Municipal de Rela��es Governamentais, cujo titular � Jo�o Antonio. Remesso foi indicado pelo vereador Nelo Rodolfo (PMDB).
Mais investigados
O controlador M�rio Vin�cius Spinelli investiga cerca de 20 auditores fiscais sob suspeita de enriquecimento il�cito. Eles integram uma lista que chegou � Prefeitura com cerca de cem nomes de auditores fiscais.
A listagem foi enviada ao MPE, que decidiu abrir 40 inqu�ritos. Entre os nomes citados na lista encaminhada ao MPE est�o alguns dos apontados na investiga��o sobre a fraude no ISS, como Pereira, Lemos e Amaral. Colaboraram Fabio Leite e Marcelo Godoy). As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.