Um raio X detalhado e in�dito da situa��o das estradas federais mostra que 88.979 acidentes foram registrados na malha rodovi�ria no primeiro semestre deste ano - ao todo, 3.165 pessoas morreram no per�odo, ou mais de 17 por dia. As estat�sticas s�o da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) e constam de um novo aplicativo para celular e internet que destrincha o perfil dos acidentes vi�rios nas art�rias que cortam o Brasil. H� dados dispon�veis desde o primeiro semestre de 2007.
Entre janeiro e junho deste ano, 46.584 pessoas ficaram feridas em ocorr�ncias nas rodovias federais, revela a ferramenta. O trecho mais cr�tico vai do quil�metro 200 ao 210 da BR-101, em Santa Catarina. Ali, a PRF anotou 718 acidentes, com 302 feridos e 4 mortes.
No caso do Estado de S�o Paulo, a Via Dutra, que passou para a administra��o da iniciativa privada em 1996, � a mais perigosa entre as federais. Em solo paulista, existem outras estradas da Uni�o, como a Fern�o Dias e a R�gis Bittencourt, que, na pr�tica � a continua��o da BR-116, a mesma designa��o federal que recebe a Via Dutra.
No primeiro semestre, houve 435 acidentes e 5 mortes entre os km 220 e 230, em Guarulhos, na Grande S�o Paulo, o que coloca a Via Dutra na nona posi��o do ranking de trechos mais violentos das federais no Pa�s. Outros dois trechos no Estado est�o entre os 50 mais perigosos do Brasil: o que vai do km 210 ao 220, tamb�m em Guarulhos, e o do km 140 ao 150, em S�o Jos� dos Campos.
Esses s�o justamente dois dos tr�s pontos da rodovia onde tradicionalmente costumam haver congestionamentos, por causa do excesso de ve�culos - o outro fica na chegada a S�o Jo�o do Meriti, na Regi�o Metropolitana do Rio.
Lentid�o
O anda e para frequente dos hor�rios de pico ajuda a explicar boa parte dos acidentes da rodovia. Segundo a PRF, o tipo mais comum de ocorr�ncias no trecho mais cr�tico, em Guarulhos, s�o as batidas traseiras. Elas respondem por quase metade dos acidentes naquela altura da estrada.
Dono de um guincho h� mais de 30 anos, Edson Correia de Ara�jo, de 59, reconhece a imprud�ncia do motorista como o maior fator de colis�es. “Ningu�m quer assumir. Todos falam que foram fechados por um caminh�o. A gente at� brinca que nunca encontraram esse caminh�o”, diz.
Pelos dados da PRF, a falta de aten��o � a principal causa de acidentes. O chefe do Departamento de Medicina de Tr�fego Ocupacional da Associa��o Brasileira de Medicina de Tr�fego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves J�nior, explica que celulares e aparelhos de GPS podem distrair o motorista em trechos congestionados. “A lentid�o tamb�m pode levar ao estresse, que tira a vig�lia.”
A concession�ria CCR Nova Dutra atribui os acidentes ao excesso de ve�culos nos tr�s trechos. Entre os km 220 e 230, por exemplo s�o 239 mil ve�culos por dia, nos dois sentidos.
R�gis
O trecho mais problem�tico da R�gis Bittencourt em S�o Paulo fica perto da divisa com o Paran�, em Barra do Turvo, entre os km 560 e 570. De acordo com a PRF, foram registrados 219 acidentes, com 55 feridos e uma morte. No mesmo per�odo do ano passado, houve 257 ocorr�ncias no local, marcado por curvas sinuosas e aclives e declives, nos dois sentidos.
Segundo a concession�ria Autopista R�gis Bittencourt, os acidentes mais comuns nesse trecho s�o capotamentos, sa�das da pista e colis�es com objetos fixos, “com maior incid�ncia de ocorr�ncias em pistas molhadas”. A empresa divulgou, em nota, que “neste trecho trabalham dez ve�culos operacionais para inspe��o da rodovia e atendimentos �s ocorr�ncias de acidentes e incidentes, com monitoramento 24 horas”.
