
Bombeiros enfrentaram dificuldades at�picas para combater as chamas durante o inc�ndio de sexta-feira, 29, no audit�rio do Memorial da Am�rica Latina, na zona oeste de S�o Paulo. A reportagem testemunhou um bombeiro em discuss�o com um brigadista da equipe do complexo questionando por que os hidrantes do pr�dio n�o funcionavam.
“Eu quero que voc� me chame o respons�vel pelos hidrantes agora! Isso n�o � brincadeira!”, afirmou o bombeiro, que naquele momento estava sem roupa especial de combate �s chamas e auxiliava os colegas que manuseavam equipamentos em uma das viaturas.
O brigadista, sem saber como operar os hidrantes, foi buscar aux�lio no interior do complexo. Os bombeiros tiveram, por�m, de usar os caminh�es-pipa da pr�pria corpora��o para obter a �gua que combateu o fogo sexta-feira, 29.
Houve relatos entre os bombeiros de que, antes daquele momento, os brigadistas tamb�m teriam usado um extintor de inc�ndio de �gua em uma l�mpada em chamas, no interior da Ala B do Audit�rio Simon Bol�var, o que n�o � recomendado.
O diretor-presidente do Memorial, Jo�o Batista de Andrade, negou que os brigadistas tivessem atuado. “Eles viram que n�o tinham condi��o de controlar o fogo e chamaram os bombeiros”, disse. Andrade negou tamb�m que os hidrantes n�o estivessem funcionando.
O coronel Erik Cola, do Corpo de Bombeiros, no entanto, confirmou que os brigadistas trabalharam para conter as chamas no in�cio do inc�ndio.
Com poucas rotas de acesso ao interior do audit�rio, os bombeiros tiveram de usar machados para criar acessos, quebrando os vidros laterais do pr�dio - muitos deles j� haviam sido estilha�ados pelo calor das labaredas de dentro do pr�dio.
Flash over
Al�m das dificuldades operacionais e falha de equipamentos, os bombeiros enfrentaram um fen�meno qu�mico que os pegou de surpresa e foi apontado como a principal causa para tantos integrantes da corpora��o ficarem feridos durante o combate ao fogo no Memorial.
“Al�m de ser um ambiente fechado, com pouca luminosidade, pouco oxig�nio e muito material de inc�ndio, que resultou em gases inflam�veis e em alta temperatura, tivemos a infelicidade de os bombeiros se depararem repentinamente com um flash over”, disse o major do Corpo de Bombeiros Mauro Lopes, um dos comandantes da opera��o.
“Flash over � quando voc� tem um ambiente pegando fogo e quando voc� tem pouco oxig�nio, com calor e carga para se queimar. A queima � lenta. Quando voc� faz a abertura desse ambiente e o esfria, os vapores quentes encontram o ambiente frio e ocorre o flash over, que � a inje��o de oxig�nio. As chamas aumentam muito. A� ocorre uma ‘queima ideal’. Foi o que aconteceu. Os danos foram extensos”, afirmou.
Ao todo, 88 bombeiros atuaram sexta-feira, 29, no combate �s chamas. Os dois feridos com gravidade tiveram queimaduras nas vias respirat�rias. Ap�s um primeiro atendimento feito pelos pr�prios colegas, ao lado do pr�dio em chamas, eles foram levados para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Cl�nicas.
