
Foi sepultado na manh� deste domingo (8), no Cemit�rio de Arcoverde, no Sert�o de Pernambuco, o corpo do compositor Jo�o Leoc�dio Silva, o Jo�o Silva, 78 anos. Amigos e familiares prestaram homenagens ao parceiro musical de Luiz Gonzaga no vel�rio que aconteceu na C�mara de Vereadores do Recife, na Boa Vista, neste s�bado (7). Jo�o Silva foi encontrado morto na �ltima sexta-feira (6), no quarto do apartamento onde morava em Boa Viagem. Ele deixou cinco filhos e uma vasta heran�a art�stica com mais de 2 mil composi��es, como Adeus a Janu�rio (com Pedro Maranguape) e A Mulher do Sanfoneiro.
De acordo com a declara��o de �bito emitida pela equipe do Instituto de Medicina Legal (IML) na tarde de s�bado, Jo�o Silva morreu em virtude de uma “hemorragia interna do abdome devido a um aneurisma de aorta abdominal”. No momento da morte, ele estava sozinho no apartamento. A atual companheira, Benilde Nogueira, tinha viajado para acompanhar a apresenta��o da filha, que tamb�m � cantora, em Aracaju, Sergipe. “Na quinta-feira � noite, liguei e ele n�o atendeu. Fiquei com um pressentimento ruim e liguei no dia seguinte. Ele costumava acordar �s 8h30 para tomar caf� da manh� em um supermercado pr�ximo, mas n�o foi visto por l�. Pedi que os amigos fossem at� o apartamento”, contou Nogueira.
O sanfoneiro, amigo e produtor musical Severino Bezerra Silva, o Silveirinha, foi o primeiro a chegar e encontrar o corpo, por volta das 17h. “Batemos na porta, mas ningu�m atendeu. Como ele morava no primeiro andar e tinha deixado a janela aberta, colocamos uma escada e entramos”, disse Silveirinha.
Segundo amigos e parentes, o compositor estava aparentemente bem de sa�de. O final do ano de 2013 era de grande expectativa porque ele se preparava para gravar um CD e iria, na pr�xima ter�a-feira, se apresentar em uma festa em Arcoverde, sua cidade natal, e, em seguida, em S�o Paulo. Tamb�m, segundo parentes e amigos, tinha parado de beber e tentava diminuir o cigarro.
�rduo defensor do bai�o, Jo�o Silva focava em voltar � cena art�stica. Segundo o pesquisador Paulo Wanderley, ele estava montando um novo repert�rio. “A �ltima vez que nos falamos foi na sexta-feira passada. Ele me falou que estava compondo. Ele fazia a melodia com a boca e s� depois chamava um sanfoneiro para finalizar a m�sica. Foi uma perda grande, porque Jo�o era um cara que tem hist�ria marcante e que se confunde com a nossa”, observou.
Biografia
Nascido em Arcoverde, a 259 quil�metros do Recife, Jo�o Silva foi agraciado com o t�tulo de Cidad�o do Recife e inscrito na hist�ria da cultura pernambucana como um dos grandes compositores de forr�. Autor de mais de duas mil composi��es, tem sua biografia publicada pelo escritor Jos� Maria de Almeida Marques.
O livro Mestre Jo�o Silva, pra n�o morrer de tristeza registra sua importante participa��o na cria��o de Danado de Bom, o primeiro disco de ouro - 1,6 milh�o de c�pias vendidas - da carreira de Luiz Gonzaga. Em 2009, recebeu homenagens, inclusive do canal Sons de Pernambuco, do portal Pernambuco.com, que inseriu tr�s m�sicas do �lbum Jo�o Silva Canta Mais Gonzaga no streaming do portal.
Jo�o Silva se preocupava com a preserva��o do bai�o. “O problema do forr� de hoje � que, a cada quinze m�sicas gravadas, catorze s�o xotes e uma � bai�o”, declarou em entrevista ao Diario, quando preparava o �lbum de in�ditas Sert�o Puro, atuando tamb�m como arranjador e produtor. “S� bai�o � forr� puro.”
Marcaram sua hist�ria sucessos como Adeus a Janu�rio (com Pedro Maranguape), homenagem ao pai de Luiz Gonzaga; dentre outras como A Mulher do Sanfoneiro, A Puxada, Pagode Russo e Sequei os Olhos, sobre a seca que assolou o Nordeste entre 1979 e 1983 (com Luiz Gonzaga); Amei � Toa (com Joquinha Gonzaga); A� Tem e Amigo Velho Tocador (com Z� Moc�), afora parcerias com Jo�o do Vale, Onildo Almeida, Rosil Cavalcante, Severino Ramos, Bastinho Calixto, Pedro Maranguape, Pedro Cruz e Dominguinhos, dentre outros.