
Uma fam�lia que, h� cinco anos, deixou o Brasil para viver o sonho americano teve o destino brutalmente interrompido. No �ltimo s�bado, a pol�cia de Orange County encontrou o corpo de Cledione Regina Ruppenthal Ferraz do Amaral, 34 anos, de M�rcio Luiz Ferraz do Amaral, 45, e de Wendy Ferraz do Amaral, 10, dentro do carro, na garagem da casa onde moravam, em um condom�nio na �rea luxuosa de Lake Nona, em Orlando (Fl�rida). A suspeita � de um duplo assassinato seguido de suic�dio. Chocados com a trag�dia, os parentes tentam agora trazer os restos mortais dos tr�s para o pa�s. “Parece que isso n�o est� acontecendo, � uma situa��o surreal. Eles eram casados h� 11 anos, tinham uma boa rela��o”, contou ao Correio Su�nia Karolin Ruppenthal, irm� de Cledione que mora em Bras�lia.

A fam�lia recebeu a not�cia das mortes no domingo, avisada por um amigo que vive nos Estados Unidos. Sem condi��es de viajar at� a Fl�rida, os parentes acompanham daqui as investiga��es e desdobramentos do caso. Os pais da mulher achada morta com a filha e o marido moram em Formosa (GO), mas, durante muito tempo, a fam�lia viveu em Planaltina (DF). Segundo Su�nia, a expectativa � de que o laudo preliminar sobre o misterioso epis�dio fique pronto nesta quarta-feira. Por conta do avan�ado estado de decomposi��o, a pol�cia acredita que os tr�s estavam mortos havia pelo menos tr�s semanas. Como n�o encontraram qualquer sinal de arrombamento na casa, os investigadores praticamente descartaram a hip�tese de um triplo homic�dio.
Os tr�s brasileiros chegaram � Am�rica do Norte em 2009, em busca de uma nova vida. M�rcio e Cledione se conheceram quando ambos trabalhavam na TAM: ele como piloto, ela como comiss�ria de bordo. Com dupla cidadania — M�rcio serviu a Marinha americana —, ele decidiu tentar a sorte na terra das oportunidades. Em pouco tempo, a fam�lia se adaptou. “A Wendy adorava morar l�, estudava, tinha amigos”, lembra Su�nia.
Nos cinco anos em que viveram nos EUA, eles nunca vieram ao Brasil. Os parentes de Cledione tamb�m n�o tiveram a oportunidade de visit�-los. O contato com o pa�s natal era mantido pela internet. Em julho, por�m, a comunica��o praticamente foi interrompida. M�rcio estava desempregado e a mulher trabalhava no Animal Kingdom, um dos parques da Disney, em Orlando.
Problemas financeiros
Os corpos s� foram encontrados porque a dona do im�vel alugado pela fam�lia brasileira estranhou o fato de o cheque do aluguel, enviado sempre via postal, n�o ter chegado. O valor relativo ao m�s de outubro estava atrasado, mas, de acordo com Fran Maestro, propriet�ria da casa, Cledione havia entrado em contato, em 9 de novembro, para pedir desculpas pelo inc�modo, explicando que enfrentavam problemas financeiros, e comunicar que mandaria o valor no dia seguinte. At� ent�o, segundo Fran, os pagamentos eram feitos sempre na data prevista.
Diante da justificativa, a propriet�ria ficou � espera do cheque. Como o documento n�o chegou e ela n�o conseguiu entrar em contato com os inquilinos, pediu a um funcion�rio que fosse at� a casa. Ao chegar ao local, novamente, nenhum retorno. O homem, no entanto, sentiu um forte cheiro vindo da garagem e decidiu chamar a pol�cia. “Eles eram �timas pessoas. Sinto muito pela fam�lia deles”, afirmou Fran em entrevista ao site norte-americano wftv.com.
De acordo com a irm� de Cledione, assim que o laudo cadav�rico for liberado pelos legistas, a fam�lia ter� cinco dias para trazer os corpos, cremados, ao Brasil. “Mas precisamos constituir um advogado l�, al�m de levantar US$ 8 mil para cada um. N�o temos condi��es financeiras”, lamentou Su�nia. Segundo ela, os parentes de M�rcio, que moram em S�o Paulo, tamb�m sofrem com a situa��o. “Precisamos ao menos desse conforto para os nossos cora��es”, finalizou.