O Grupo de Trabalho das Na��es Unidas (ONU) sobre Afrodescendentes apontou nesta sexta-feira, ao encerrar visita de dez dias ao Brasil, um grande contraste entre a precariedade da situa��o dos negros e o elevado crescimento econ�mico do pa�s. A comitiva das Na��es Unidas esteve em cinco cidades, reuniu-se com autoridades e representantes da sociedade civil, visitou favelas e quilombos. Em comunicado � imprensa, os especialistas da ONU destacaram que, entre negros e brancos, existem desigualdades de acesso � educa��o, � Justi�a, � seguran�a e a servi�os p�blicos. O grupo identificou tamb�m racismo %u201Cnas estruturas de poder, nos meios de comunica��o e no setor privado%u201D. Segundo os representantes da ONU, apesar de serem metade da popula��o brasileira, os negros est�o %u201Csubrrepresentados e invis�veis%u201D. %u201COs afrobrasileiros n�o ser�o integralmente considerados cidad�os plenos sem uma justa distribui��o do poder econ�mico, pol�tico e cultural%u201D, disseram a francesa Mireille Fanon-Mendes-France e argelina Maya Sahli, integrantes do grupo de trabalho ONU. Elas apresentaram � imprensa conclus�es preliminares, que v�o compor um relat�rio com recomenda��es ao governo brasileiro Mireille e Maya reconheceram o esfor�o do governo brasileiro para enfrentar o problema, citando a aprova��o do Estatuto da Igualdade Racial, aprovado em 2010, depois de dez anos de tramita��o, e a decis�o favor�vel do Supremo Tribunal Federal (STF) em rela��o �s cotas nas universidades. Outra a��o elogiada foi o projeto de lei que reserva vagas para negros no servi�o p�blico. Para as especialistas, no entanto, o caminho para o fim do racismo e da discrimina��o pela cor de pele no Brasil � longo. %u201CN�o � que o governo n�o esteja fazendo o suficiente. Ele faz o que � poss�vel. A correla��o de for�as � que ruim%u201D, afirmou Mireille. No projeto de lei apresentado ao Congresso Nacional, o governo prop�e que 20% das vagas dos concursos p�blicos sejam reservadas para pretos e pardos. O projeto recebeu emendas de deputados que sugeriram a reserva para 50% das vagas, com objetivo de se aproximar do total de negros na popula��o brasileira (50,7%) e para o preenchimento de cargos em comiss�o. O grupo da ONU, que est� no Brasil a convite do governo federal, passou por Bras�lia, Recife, Salvador e S�o Paulo. A viagem terminou no Rio e o relat�rio conclusivo ser� apresentado no ano que vem.