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Estado de Minas

Embaixador da OMS lamenta que Brasil ainda n�o tenha eliminado hansen�ase


postado em 18/12/2013 20:06

O embaixador especial da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) para Elimina��o da Hansen�ase, Yohei Sasakawa, lamentou nesta quarta-feira o fato de o Brasil ainda n�o ter atingido o patamar estabelecido pelo organismo para erradica��o da doen�a, que � menos de um caso da doen�a a cada 10 mil habitantes. Ao lembrar os avan�os da ci�ncia, que garantiram tratamento e cura, ele enfatizou que � preciso intensificar os esfor�os para atacar a doen�a, marcada pela discrimina��o e pelo estigma.

"O Brasil � um pa�s capacitado para sediar a Copa do Mundo e as Olimp�adas, mas � o �nico que n�o conseguiu eliminar a doen�a. � uma quest�o muito estranha", disse o embaixador, durante solenidade, na C�mara dos Deputados, da qual tamb�m participaram integrantes da Frente Parlamentar de Erradica��o da Hansen�ase e Doen�as Elimin�veis.


Sasakawa destacou, por outro lado, o empenho do Brasil para garantir o pagamento de indeniza��o a pacientes que foram segregados em raz�o da doen�a. "Neste aspecto, o Brasil � o pa�s mais adiantado e deve servir de modelo para o mundo", acrescentou.

De acordo com o Minist�rio da Sa�de, a meta � eliminar a hansen�ase - menos de um caso para cada 10 mil habitantes - at� 2015. "Para a elimina��o da hansen�ase � necess�rio a execu��o de a��es program�ticas, como diagn�stico, tratamento, vigil�ncia dos contatos, preven��o de incapacidades e reabilita��o f�sica, al�m da educa��o em sa�de. Atualmente, essa endemia atinge cerca de 29,3 mil pessoas em tratamento no pa�s. A doen�a tem cura e o tratamento � gratuito pelo SUS", informou a pasta.

Conforme o minist�rio, pa�s registrou cerca de 33 mil casos novos em 2012, queda de 32,6% em compara��o a 2002, quando foram identificados 49 mil novos casos. "De acordo com a Organiza��o Mundial da Sa�de, Sud�o do Sul e Lib�ria tamb�m s�o pa�ses que buscam eliminar a carga dessa endemia", diz, acrescentando que, neste m�s, foram repassados R$ 15,6 milh�es a 40 munic�pios para o combate da doen�a – essas cidades respondem por cerca de 24% dos casos novos de hansen�ase. Em mar�o, uma campanha foi lan�ada para diagn�sticar casos suspeitos de hansen�ase em escolas p�blicas, quando 9,3 milh�es de estudantes em cerca de 750 munic�pios foram examinados.

Para o deputado Nilm�rio Miranda (PT-MG), coordenador da frente parlamentar, ainda que o Brasil seja refer�ncia na repara��o �s viola��es de direitos humanos, � j� pague indeniza��es a ex-pacientes, � preciso avan�ar mais e estender essa repara��o aos filhos que foram separados dos pais que tinham hansen�ase at� a d�cada de 1980. O isolamento de pessoas com a doen�a, imposto oficialmente pelo governo, durou pelo menos 40 anos.

No fim da d�cada de 1940, uma lei federal determinou o afastamento compuls�rio de rec�m-nascidos filhos de v�timas da doen�a, o que provocou a separa��o de milhares de fam�lias. Muitos dos filhos desses pacientes, nascidos nos chamados lepros�rios, foram abandonados � pr�pria sorte ou levados para unidades conhecidas como prevent�rios.

"Temos que trabalhar em duas frentes: na erradica��o da doen�a e pela repara��o dos direitos humanos tamb�m dos filhos, na medida em que se retirou dessas crian�as o direito do conv�vio familiar, tendo sido internados em condi��es de alta viola��o [de direitos]. Isso tem que ser reparado", disse.

A Comiss�o Nacional dos Filhos Separados pelo Isolamento Compuls�rio calcula que o n�mero de brasileiros nessa situa��o possa chegar a 40 mil. Em agosto, o governo anunciou que pretende indenizar os filhos separados dos pais em decorr�ncia da doen�a.

Ap�s a solenidade na C�mara, representantes do Movimento de Reintegra��o das Pessoas Atingidas pela Hansen�ase (Morhan) e filhos que viveram a separa��o compuls�ria foram recebidos pela ministra Maria do Ros�rio, na sede da Secretaria de Direitos Humanos da Presid�ncia da Rep�blica. Ela assinou o Apelo Global contra a Hansen�ase, movimento que re�ne diversas entidades internacionais e manifesta o compromisso de luta contra a discrimina��o global das pessoas atingidas pela hansen�ase.

O coordenador do Morhan, Arthur Cust�dio, que tamb�m participou do ato na secretaria, defendeu a intensifica��o das campanhas ligadas � doen�a no Brasil, para garantir que a popula��o saiba identificar os sintomas e procure atendimento m�dico para identificar precocemente os sintomas. Ele lembrou que s�o registrados cerca de 33 mil novos casos a cada ano no Brasil, o que faz com que o pa�s, em n�meros absolutos, fique atr�s apenas da �ndia que, com uma popula��o cinco vezes maior, tem 127 mil novos casos por ano.

"Al�m disso, a distribui��o dos casos pelo territ�rio brasileiro � irregular e acompanha o mapa da pobreza, com maior incid�ncia nas regi�es Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O problema � que temos percebido que as pessoas est�o tendo diagn�stico mais tardio e, em decorr�ncia, ficando com mais sequelas. Por isso, � fundamental fazer mais campanhas que alertem a popula��o sobre a import�ncia de buscar atendimento m�dico assim que surgirem os sintomas ", disse. Estudos indicam que, se a doen�a for logo diagnosticada, a cura pode chegar a mais de 80% dos casos.

A goiana Mar�sia da Silva, de 47 anos, foi levada a um prevent�rio, junto com suas tr�s irm�s, aos 5 anos de idade, quando seu pai foi diagnosticado com a doen�a. Ela permaneceu no local, sem qualquer contato com outros parentes, at� a adolesc�ncia. Hoje, ainda precisa de tratamento psicol�gico para superar o trauma.

"Foram anos de muito sofrimento, uma verdadeira tortura, porque a gente n�o entendia direito o que estava acontecendo e n�o podia chorar, abra�ar, dar um beijo no nosso pai. Coisas simples que a maioria dos filhos faz, nos foi negado", contou Mar�sia, que h� cerca de tr�s anos foi diagnosticada com a doen�a. "Eu passei pelo tratamento, j� estou na fase final, mas n�o preciso ficar longe das minhas filhas. Isso n�o tem pre�o", acrescentou.

A hansen�ase � uma doen�a infectocontagiosa cr�nica que atinge, principalmente, a pele e os nervos dos bra�os, m�os, pernas, p�s, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o cont�gio e o aparecimento dos sintomas varia de dois a cinco anos. Se for logo diagnosticada, a cura pode chegar a mais de 80% dos casos. Os sintomas mais comuns s�o manchas brancas, vermelhas ou marrons em qualquer parte do corpo, com altera��o da sensibilidade, caro�os, algumas vezes avermelhados e doloridos, perda de sensibilidade ao calor, � dor e ao tato, febre, edemas e dores nas juntas. O tratamento pode durar de seis meses a um ano e � oferecido pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS).


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