Autoridades e policiais sobrevoaram a reserva dos �ndios tenharim, pr�xima ao munic�pio de Humait� (AM), na manh� de ontem, para tra�ar a estrat�gia da opera��o que buscar� os tr�s homens desaparecidos na regi�o desde o �ltimo dia 16. A decis�o para que as for�as federais realizem a busca foi tomada ap�s uma onda de viol�ncia de moradores no sul do Amazonas, que come�ou na quarta-feira, quando a sede da Funda��o Nacional do �ndio (Funai) e ve�culos foram incendiados.
Na sexta-feira, um grupo de 300 pessoas destruiu em Apu� (AM) o local utilizado por �ndios da etnia tenharim como ped�gio ilegal na rodovia Transamaz�nica, em �rea dentro da reserva ind�gena. Moradores suspeitam que os tr�s desaparecidos – Aldeney Salvador (funcion�rio da Eletrobras), Luciano Ferreira (representante comercial) e Stef de Souza (professor em Humait�)– tenham sido sequestrados pelos �ndios depois da morte do cacique Ivan Tenharim.
A vers�o oficial da morte � que ele sofreu um acidente de moto na Rodovia BR-230. Para os �ndios, ele foi assassinado por descontentes com a presen�a dos �ndios nas cidades e com a cobran�a de ped�gios para passar pelas terras, nos quais s�o cobrados valores de R$ 15 a R$ 100. Os �ndios negam a acusa��o de sequestro.
A pr�pria Funai levantou d�vidas sobre o caso. No blog da entidade em Humait�, o coordenador regional, Iv� Bocchini, questiona a vers�o da pol�cia e pede que as investiga��es apontem a causa da morte. Segundo moradores, o texto, retirado do ar, incitou os �ndios � viol�ncia. Preocupada com a possibilidade de novos conflitos, o Minist�rio P�blico Federal no Amazonas recomendou a retirada de publica��es com conte�do discriminat�rio nas redes sociais, sobretudo nas p�ginas do Facebook, relacionadas aos dois munic�pios. Em uma das p�ginas, de moradores de Apu�, h� diversas mensagens de rep�dio aos �ndios.
PROTESTOS
Em comunicado, a Funai repudiou os “atos de vandalismo” cometidos pela popula��o de Humait� e esclareceu que n�o compete ao �rg�o investigar o desaparecimento de pessoas. “Solicitamos que a popula��o atue no sentido de contribuir tamb�m com a revers�o desse quadro perigoso e negativo, com a libera��o dos acessos aos munic�pios da regi�o para que as autoridades policiais possam realizar seus trabalhos e tranquilizar todos moradores daquela regi�o”, afirmou a Funai no texto.
Entidades ligadas aos produtores rurais divulgaram ontem nota cobrando a��es do Minist�rio da Justi�a e da Funai em Humait�. Destacando o “clima de guerra” na regi�o, a CNA e a Federa��o de Agricultura e Pecu�ria do Estado do Amazonas (Faea) criticaram a forma como o governo federal conduz a quest�o da demarca��o de terras ind�genas. “H� tempos, a CNA vem alertando a na��o para as consequ�ncias danosas da forma irrespons�vel e omissa com que o Minist�rio da Justi�a e a Funda��o Nacional do �ndio (Funai) t�m tratado a quest�o ind�gena no Brasil. A omiss�o e os equ�vocos das autoridades � que t�m fomentado o conflito de forma artificial e elevado a tens�o a um grau in�dito no pa�s”, acusa a confedera��o, presidida pela senadora K�tia Abreu (PMDB-TO).