(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Carvalho: 'Precisamos criar conviv�ncia com rolezinhos'


postado em 20/01/2014 21:01

Bras�lia, 20 - Nos �ltimos dias, o ministro chefe da Secretaria Geral da Presid�ncia, Gilberto Carvalho, tem acompanhado atentamente a evolu��o das a��es pelo Pa�s envolvendo os chamados �rolezinhos�. Em entrevista a blog do portal

Estad�o.com

, o ministro diz que � preciso criar uma conviv�ncia pac�fica entre os meninos que participam dos "rolezinhos" com a sociedade. Mas, ao mesmo tempo, sem que os shoppings tenham preju�zo.

�Se eu falar que tem uma resposta � bobagem�, afirma. �O que fizemos na pr�tica: tentamos emitir sinais. Tanto na fala p�blica quanto conversando com o Fernando (Haddad). Pedimos para o pessoal conversar com a dire��o dos shoppings. Tamb�m conversamos com alguns governadores j� para tentar orientar as pol�cias para evitar isso que eu falei de jogar gasolina no fogo�, explica Carvalho.

E acrescenta: �Isso est� sendo feito para tentar ver se � poss�vel, na medida em que n�o haja nenhuma radicaliza��o, estabelecer uma certa conviv�ncia. Porque se acontecerem v�rios rol�s desses e n�o houver incidentes graves�um ou outro incidente vai ter. Mas se a gente conseguir fazer uma coisa razo�vel, em que os shoppings tamb�m se preparem com mais gente, com mais cuidado, para a molecada n�o sentir hostilidade, d� para isso passar. Essa � a minha expectativa. Tentamos trabalhar nessa perspectiva. Mandamos recado aos donos de shoppings e aos governadores para que tentemos trabalhar isso. Para criar um tipo de conviv�ncia�, diz.

O ministro reconhece ser leg�tima a preocupa��o dos shoppings com eventuais preju�zos. �J� fecharam shoppings. Mas n�o v�o poder fechar sempre porque o preju�zo vai ser muito grande. O ideal ter� sido a gente conseguir, sem repress�o, dar uma orientada com a molecada, para tentar dizer para o pessoal algo do tipo: olha, vamos fazer em turma aqui�.

Gilberto Carvalho reconhece que tanto essa manifesta��o quanto a dos protestos que varreram o Pa�s em junho do ano passado s�o fen�menos absolutamente novos e de dif�cil compreens�o. �O que me impressiona, e eu j� falo com um olhar quase cansado, � como est� tendo novidade�, diz o ministro. �N�s estamos acostumados a lidar com os movimentos tradicionais. A gente fez escola nisso. Uma rela��o dif�cil, sempre tensa�, lembra.

�A� quando pinta junho, houve aquele susto. Aquela dificuldade. N�s procuramos dar uma resposta. Procuramos n�o definir logo, esperar para ver melhor. A�, a presidente Dilma Rousseff tomou aquelas iniciativas, que acho que foram boas, de conversar, de lan�ar os programas. E, por si s�, o movimento acabou se exaurindo um pouco at� por conta da viol�ncia. Quando a viol�ncia ressaltou muito, provocou medo e as pessoas recuaram. Ficou praticamente s� no Rio e alguma coisa em S�o Paulo. Aquela continuidade muito localizada na quest�o do Governador do Rio de Janeiro, S�rgio Cabral e aquela a��o dos Black Blocs, mais cl�ssica, mais dura. N�s nem entendemos aquilo direito, j� surge mais uma novidade. Para mim, o fato de ter essas novidades significa exatamente que o processo de transforma��o da sociedade brasileira � maior, mais profundo, do que nos damos conta�, avalia.

Na avalia��o de Carvalho, a mobilidade social ocorrida no Pa�s nos �ltimos anos contribui para a compreens�o do fen�meno dos "rolezinhos". �Essa molecada da periferia, de repente, viu a possibilidade de ir para o ProUni, de ter a Escola T�cnica pr�xima de casa, tudo isso foi mexendo. Al�m disso, e a� � um pouco mais complexo, o nosso modelo estimula o consumo. Um erro nosso. Ao inv�s de estimular o transporte coletivo, incentivamos a comprar um carro. E n�s estimulamos isso. N�s que eu digo � o governo isentando IPI. E por que? Porque a ind�stria automobil�stica � fundamental. E o modelo de consumo que a minha filha de oito anos v� todos os dias na televis�o qual que �? Eu sou feliz se tenho a boneca tal, se eu tenho a n�o sei que l� Monster High. Essa molecada n�o � infensa a isso�, explica.

�Ent�o, essa molecada foi comprar o t�nis da moda, o chapeuzinho�Voc� pode ver, os nomes s�o todos em ingl�s. E n�s acabamos com as pra�as das cidades. A pra�a da Matriz n�o existe mais. Onde se fazia o footing, onde ficavam as mo�as e os rapazes. Hoje � isso que eles fazem nos shoppings. A gente fazia na juventude indo na Pra�a da Matriz. Isso acabou. Todo com�rcio de rua � cada vez mais o do shopping. O �ver vitrine� acabou. L� em casa, quando eu era novo, em Londrina, era uma liturgia. A gente ia para a missa, domingo � noite, depois sa�a para comer pastel e a m�e ia ver vitrine com o meu pai. A gente ficava vendo os brinquedos, eles viam os sapatos. N�s criamos as pra�as p�blicas de hoje que s�o os shoppings�, lembra o ministro.

�Ent�o, surge essa molecada, doida pelo consumo, querendo se mostrar e tendo essa atra��o pelo consumo. N�o � um cara politizado. Nem no sentido classista. Essa coisa da desigualdade racial teve porque a pol�cia bateu e o preconceito ficou evidente. E essa loucura de dar uma liminar. J� parou para pensar? Quer dizer, est� vindo um moleque ali e o guarda vai ter que dizer se barra ou n�o barra? E se pedir a identidade, isso vai dizer o que? E como que ele vai fazer a triagem? Meu filho, por exemplo, anda mais ou menos nesse estilo�, diz.

Para o ministro, o fen�meno tamb�m exp�e o preconceito social das elites contra os jovens que puderam ascender socialmente. �A�, acho que emergiu esse problema. Mas o princ�pio inicial n�o era esse. Era o de ocupar o espa�o e fazer zoada. Ver a namorada e tal. Claro que isso traz um inc�modo. Da mesma forma que os aeroportos lotados incomodam a classe m�dia. Da mesmo forma que para eles � estranho certos ambientes serem frequentados agora por essa �gentalha�", avalia.

�Acho muito importante a gente ter a consci�ncia que os shoppings s�o um incentivo ao consumo. Esses meninos s�o filhos dos shoppings. N�o � que eles n�o iam aos shoppings. Eles iam de maneira mais individual. Porque aqueles bon�s deles foram comprados aonde? Claro, muitos na 25 de mar�o. Mas muitos n�o. Os t�nis Mizuno, Adidas. O que n�o d� para entender muito � a carga do preconceito que veio forte. Eu sei que � um inc�modo, num domingo � tarde para um shopping. Voc� pode espantar clientela porque aquela zoada faz barulho. As pessoas veem aquele bando de meninos negros e morenos e ficam meio assustadas. � o nosso preconceito. Evidentemente que temos que lidar com esse suposto inc�modo. Mas esse inc�modo n�o vai ser tratado adequadamente se n�o houver di�logo com essa molecada. E fazer algum tipo de acordo. Mas assim como em junho foi poss�vel conversar, se a gente tiver paci�ncia n�s vamos achar um jeito de conversar�, conclui.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)