Bras�lia (AE), 26 - Uma "alian�a", ainda que n�o combinada, entre �ndios, trabalhadores sem terra, movimentos de sem teto e fac��es no controle de pres�dios �s v�speras da Copa da Fifa de Futebol tem mantido o governo sob permanente tens�o e obrigado ministros a uma intensa troca de informa��es de bastidores sobre esses "term�metros" sociais.
Os rolezinhos em shoppings e a volta do vandalismo "black bloc" nas ruas anteciparam alguns movimentos esperados para abril ou maio, �poca em que o Brasil estar� na vitrine internacional durante 40 ou 50 dias por causa da Copa. A presen�a de dezenas de TVs e publica��es do mundo todo, avalia-se no governo, deve estimular manifesta��es dos mais variados matizes.
H� um gabinete de crise informal e permanente no governo, revelou um ministro � reportagem. "A ordem � n�o fazer marola. A agenda est� carregada e a presidente j� determinou cautela", diz. Mas boa parte dos temas � "contencioso" de muitos anos, cuja resolu��o n�o ser� imediata, sobretudo a crueldade comum nas penitenci�rias do Pa�s. Rebeli�es internas ou ataques coordenados nas ruas teriam efeito "devastador" � imagem do Brasil.
Os minist�rios da Justi�a, da Defesa, do Esporte, a Secretaria-Geral da Presid�ncia, Gabinete de Seguran�a Institucional e Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) est�o na linha de frente. Diariamente, a presidente Dilma Rousseff aciona auxiliares e recebe informes reservados sobre as movimenta��es.
Em ano eleitoral, est� mais agu�ado o olhar do Pal�cio do Planalto para o cen�rio social. O impacto das manifesta��es de junho de 2013 marcaram Dilma e est�o "muito vivos" no governo, diz o auxiliar.
O futuro ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, deve entrar na coordena��o de algumas a��es. A reportagem revelou, na quarta-feira, 29, o temor do PT com uma onda de manifesta��es em ano eleitoral. Uma delas � distencionar a "quest�o ind�gena". O n� est� em uma proposta de portaria do Minist�rio da Justi�a, que torna mais rigoroso e burocr�tico o processo de demarca��o de terras ind�genas, limitando poderes da Funda��o Nacional do �ndio (Funai). H� uma negocia��o que pode resolver o tema. Isso suspenderia em definitivo outra portaria, editada pela AGU em 2002, com regras mais restritas para �reas ind�genas.
Em sua agenda b�sica para 2014, o governo tenta evitar o desgaste potencial de sua oposi��o � corre��o das contas-poupan�a derivada de perdas dos planos econ�micos desde a d�cada de 1980. � um tema de forte apelo popular, assim como as recentes a��es judiciais pela corre��o dos saldos do FGTS. Nos bastidores, projeta um empate no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse caso, ganharia sem provocar a ira dos milhares de poupadores.
No Congresso, o governo tamb�m busca atenuar "mais desgastes do que o necess�rio", diz o ministro, com a reforma ministerial, que deve gerar ressentimentos e cobran�as na coaliz�o parlamentar governista.