S�o Paulo e Bras�lia, 27 - Em um dos protestos mais violentos desde junho, a Pol�cia Militar baleou anteontem um manifestante, que foi internado em estado cr�tico. A tens�o gerada pela onda de manifesta��es pelo Brasil, com atos de depreda��o e forte repress�o por parte da pol�cia, fez a presidente Dilma Rousseff (PT) tomar, ontem, a decis�o de se reunir com sua equipe para tra�ar estrat�gia para evitar que as a��es cres�am e atinjam o �pice durante a Copa do Mundo.
O tema ser� tratado com os ministros Jos� Eduardo Cardozo (Justi�a), Celso Amorim (Defesa) e Aldo Rebelo (Esportes). De acordo com informa��o de auxiliares da presidente, ainda em Lisboa, onde desceu de surpresa e pernoitou antes de seguir para Havana, Dilma foi informada de que os protestos contra a Copa feitos no s�bado foram violentos, com pessoas feridas, depreda��es e ondas de vandalismo. A presidente, ent�o, convocou a reuni�o para a volta ao Brasil.
Cardozo est� de f�rias. De acordo com sua assessoria, ele deve retornar ao trabalho amanh�. E j� encontrar� uma s�rie de demandas envolvendo a seguran�a da Copa, maneiras de evitar que os tumultos se espalhem pelo Pa�s e formas de conter a a��o violenta contra as manifesta��es por parte das pol�cias estaduais. O governo avalia que a radicaliza��o das ruas, em junho, teve como origem a forte repress�o feita pela Pol�cia Militar de S�o Paulo aos jovens que protestavam contra o aumento da passagem de �nibus.
Tiros
Anteontem, o manifestante Fabr�cio Proteus Nunes Fonseca Mendon�a, de 22 anos, foi baleado no t�rax e na regi�o genital por policiais militares na Rua Sabar�, em Higien�polis, regi�o central de S�o Paulo. De acordo com a PM, por volta das 22h30, dois homens em atitude suspeita foram abordados na Rua da Consola��o e um deles correu.
Segundo a vers�o dada pela PM, os policiais pediram para revistar a mochila de Fabr�cio, onde acharam um artefato explosivo. A corpora��o afirma que o rapaz, ent�o, tentou fugir. Quando era perseguido, segundo a PM, sacou um estilete que estava no bolso da cal�a, voltando-se contra os policiais, e acabou baleado. Ele passou por opera��o na Santa Casa. O hospital diz que foi preciso remover um dos test�culos da v�tima por causa dos ferimentos.
Testemunhas afirmam que o rapaz n�o reagiu. �Eram tr�s policiais descendo a rua correndo atr�s do menino. Depois do terceiro tiro, o rapaz saiu cambaleando e um policial deu um empurr�o nele em cima da �rvore�, disse um morador da regi�o, que n�o quis se identificar.
A fam�lia do rapaz afirma que ainda tenta descobrir o que de fato aconteceu. �Ele estava na manifesta��o, se dispersou. N�o sei o que aconteceu, ele ficou com medo e correu�, disse o irm�o da v�tima, Gabriel Chaves. Segundo a pol�cia, ele seria um adepto da t�tica black bloc. O irm�o de Fabr�cio diz que ele trabalha como estoquista e que, de fato, frequenta protestos com regularidade. Na p�gina dele do Facebook, entre os perfis preferidos, est� a Black Bloc SP.
Apura��o
O defensor p�blico Carlos Weis, coordenador de direitos humanos da Defensoria P�blica de S�o Paulo, acompanha o caso de perto. Outro defensor estava no local por acaso e conversou com pessoas que filmaram o rapaz baleado. �Segundo os relatos, havia tr�s policiais contra uma pessoa com arma branca. � evidente que havia outros meios menos letais de resolver a situa��o.�
Segundo os relatos, ele foi resgatado pela pr�pria PM, contrariando resolu��o do governo do Estado, que veta a pr�tica. O porteiro de um pr�dio chegou a pedir uma ambul�ncia, que teria chegado minutos ap�s os policias levarem o rapaz ao hospital. O caso est� sendo investigado a pela Corregedoria da Pol�cia Militar e pela Pol�cia Civil. (Colaboraram M�nica Reolom, Ricardo Della Coletta). As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.