Moradores de comunidades � beira da Linha Amarela, na Zona Vorte, testemunharam, nesta ter�a-feira (28), o acidente que provocou o desabamento de uma passarela e esmagou carros. Pelo menos quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas. Residente na Comunidade Cardim, Lu�s Felipe Silva de Lima, acordou com o estrondo. Ele correu para verificar o ocorrido e se deparou com uma v�tima que caiu da passarela e foi parar no val�o. Ele conta que os moradores rapidamente providenciaram uma corda para tirar a pessoa dos escombros.
"Quando cheguei para ver perto do rio, tinha um cara l�, com a cabe�a dentro da �gua, tentando tirar, mas passou pelo menos uns cinco minutos submerso. Descemos com uma corda, rasgamos a m�o toda, e botamos ele em cima de uma pilastra dos escombros, mas como o resgate n�o chegava ele n�o resistiu. A gente n�o sabia mais o que fazer", contou. Lu�s Felipe tamb�m se mostrou preocupado a propor��o que a trag�dia tomaria caso fosse �poca de tr�fego intenso entre as comunidades dos dois lados da pista, da Favela do Rato - ou �guia de Ouro - e Cardim. "Se fosse durante o per�odo de escola, teria muito mais v�tima entre os mortos", refor�ou.
O gari Ricardo Guilherme dos Santos tamb�m foi um dos primeiros a chegar ao local. "Estava no posto e, primeiro, ouvi o estrondo. Achei que uma casa tinha desabado, quando vi que n�o era isso, a gente correu para a beira da pista, arrebentou os pain�is - que separam a pista da comunidade - e vimos a gravidade do acidente. Tentamos acalmar os sobreviventes dentro do carro", disse. Segundo ele, no banco de carona de um dos carros, uma passageira estava parcialmente consciente.
Na tentativa de apressar o socorro, Patricia Rodrigues, dona de uma venda pr�xima da pista, ligou imediatamente para os bombeiros para alertar sobre o desabamento e informar sobre as v�timas. Para ela, o socorro demorou. "Ningu�m da Lansa (concession�ria que administra a via) estava no local", disse. N�s fomos os primeiros a chegar e ligar para o socorro", completou. "Tem um [batalh�o do] Corpo de Bombeiros no M�ier, muito perto, mas acho que pelos reflexos do tr�nsito, eles n�o conseguiram chegar. O pessoal ficou com as v�timas, tentando tirar as pessoas do val�o e verificar se os demais, dentro dos carros, estavam vivos. Era uma situa��o de guerra, com fuma�a e escombros", relatou Patr�cia.
Os moradores reclamam das condi��es estruturais da passarela, que consideram muito fr�gil, e lembram que, recentemente, durante a constru��o de um supermercado, uma viga esbarrou na estrutura e deslocou a passarela. "Tinha que ser mais forte, ter uma sustenta��o para n�o desabar inteira. Se cair, cair pelo menos uma parte - de um lado da via - e n�o toda. Era previs�vel”, disse Patr�cia.
Para quem mora na regi�o, a Lansa tamb�m teve participa��o no acidente, porque demorou a enviar o socorro e n�o alertou o motorista do caminh�o que, segundo eles, trafegava em alta velocidade com a ca�amba suspensa. "Eles estava em alta velocidade, com a ca�amba elevada por v�rios quil�metros", ressaltou Maur�cio Francisco, representante da associa��o de moradores. A associa��o alega ter um v�deo, feito por um motociclista, do caminh�o com a ca�amba suspensa desde o ped�gio, at� uma passarela, um trecho equivalente a dois quil�metros.
O prefeito Eduardo Paes destacou que a prioridade � o resgate e o atendimento das v�timas. “Especula-se que a ca�amba tenha se levantado sem o motorista saber”, disse. Perguntado sobre a proced�ncia do caminh�o, se prestava ou n�o servi�o � prefeitura, Paes n�o soube informar, mas a assessoria de imprensa divulgou que o caminh�o n�o estava a servi�o do �rg�o.