Rio, 28 - Tr�s engenheiros ouvidos pela reportagem concordaram: o choque da ca�amba do caminh�o foi suficiente para derrubar a passarela da Linha Amarela, sem que, necessariamente, ela tivesse alguma falha estrutural. O fato de o caminh�o trafegar a 85 quil�metros hor�rios fez com que o peso jogado contra a estrutura fosse de, aproximadamente, cem toneladas, o que faria tombar qualquer passarela met�lica, de acordo com eles, ou at� mesmo uma de concreto.
O engenheiro de transportes Luiz Carneiro, diretor do Clube de Engenharia, levantou tr�s hip�teses para o acidente: de o motorista ter al�ado a ca�amba para esconder a placa, uma vez que dirigia na Linha Amarela antes do hor�rio permitido; de ter acionado, acidentalmente, a eleva��o da ca�amba, e n�o ter percebido ou tido tempo para abaix�-la, e ainda de a ca�amba ter subido por um defeito mec�nico. "N�o havia nenhum motivo para ele estar com a ca�amba para cima", afirmou. De acordo com Caneiro, a passarela n�o foi - e n�o tem mesmo de ser - dimensionada para esse tipo de colis�o. "Se fosse, estaria superdimensionada, seria um gasto de dinheiro � toa." Ele e outros dois especialistas calcularam em 15 ou 20 toneladas o peso da ponte para pedestres.
Moradores de favelas que ficam � margem da Linha Amarela afirmaram que aconteceram acidentes semelhantes anteriores, mas que n�o chegaram a causar abalo. "A Lamsa (Linha Amarela S.A.) chegou a fazer manuten��o no ano passado, depois de uma batida, mas verificaram que n�o tinha abalado", disse o l�der comunit�rio Alexander Gomes da Silva, do Complexo Uni�o de Del Castilho. "� a terceira vez que um caminh�o bate ali", afirmou o morador Lu�s Felipe Silva de Lima, da Favela do Guarda.
O engenheiro especializado em estruturas Ant�nio Eulalio, conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do Rio, lembrou que esse tipo de passarela para pedestres � projetada para suportar 500 quilos por metro quadrado, o equivalente ao peso m�dio de sete transeuntes.
O engenheiro calculista Manoel Lapa, tamb�m especialista em estruturas, ressaltou que nesse tipo de projeto n�o � levado em conta o risco de um acidente como o desta ter�a-feira. "A probabilidade � muito pequena. Se for considerar todo tipo de risco, o custo de constru��o fica muito alto". Carneiro apontou que essas ocorr�ncias n�o s�o t�o raras assim. Ele citou o caso de uma ponte, na Avenida Brasil, que desabou parcialmente em 2011 com o choque de um caminh�o que transportava um trator.