Rapaz que ficou preso a poste � achado em abrigo

Rio, 05 - O adolescente de 15 anos torturado e preso pelo pesco�o a um poste do Aterro do Flamengo com uma tranca de bicicleta, na sexta-feira, 31, estava desde s�bado em um abrigo da prefeitura no centro do Rio. Ele j� conhecia a diretora dessa unidade e aguardou a funcion�ria voltar de f�rias, ontem, para narrar as agress�es que sofreu.

Ap�s conversar com a diretora, o adolescente prestou depoimento � Pol�cia Civil e, nesta quarta-feira, 5, � noite, seria conduzido a abrigo que a prefeitura n�o vai divulgar onde fica, por seguran�a.

Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, respons�vel pelo abrigo onde o adolescente estava, ele foi para a unidade logo ap�s fugir do Hospital Souza Aguiar, no centro, onde foi atendido ap�s ser libertado por bombeiros do poste em que ficou preso. O menor j� foi apreendido duas vezes pela pol�cia por furto e agress�o.

Para a diretora da unidade, o adolescente contou que estava com tr�s amigos na avenida Rui Barbosa, seguindo para a praia de Copacabana, na sexta � noite, quando foi abordado por cerca de 30 pessoas em 15 motos.

O quarteto tentou fugir, mas ele e outro menino pararam ao ver um dos homens armado com pistola 9 mm. A arma n�o chegou a ser usada, mas os dois adolescentes foram agredidos a socos. Um deles conseguiu fugir depois de apanhar, mas o outro foi deixado nu e preso a um poste. Os agressores fugiram.

Moradores do bairro viram o adolescente, avisaram a coordenadora da ONG Projeto Uer�, Yvonne Bezerra de Mello, e ela chamou os bombeiros. Nesta quarta-feira, ela prestou depoimento sobre o caso e afirmou estar sendo amea�ada de morte e ofendida em redes sociais, chamada de �protetora de bandido�. �Fiz um ato solid�rio a um desconhecido e agora a cidade est� contra mim. Estou de saco cheio dessa sociedade�, desabafou Yvonne na delegacia.

O morador do Flamengo de 22 anos que admitiu em depoimento �patrulhar o Aterro em busca de autores de delitos� publicou no Twitter, no dia 9 de janeiro, o �novo esporte� que tinha come�ado a praticar com os amigos: �ca�ar vagabundo roubando para meter a porrada�. Na rede social, Lucas Correia Pinto Fel�cio afirmou que estava com �vontade de comprar uma arma e dar tic tac nesses vagabundos todos�.

Em seu perfil no Twitter, ele tamb�m publicou a seguinte mensagem: �Vou ca�ar mais de um milh�o de vagabundo (sic) por a�, eu s� quero bater em voc� e quando acordar vou te matar rs�. Nenhum dos 220 seguidores de Fel�cio comentou ou replicou as postagens. A �ltima mensagem do perfil � de 14 de janeiro. Ele � um dos dois detidos na segunda sob acusa��o de tentar agredir dois jovens que, em depoimento � pol�cia, confirmaram ter marcado um encontro pelo Facebook para fazer a �patrulha�. Procurado ontem pela reportagem, Fel�cio n�o foi localizado.

Justiceiros

O caso dos chamados �justiceiros� veio � tona com a divulga��o da foto do rapaz que foi espancado e preso sem roupa pelo pesco�o, com uma tranca de bicicleta, a um poste da Avenida Rui Barbosa, no Flamengo. A pol�cia ainda investiga se h� rela��o entre os dois casos.

No Facebook, em um dia quase 700 pessoas aderiram � p�gina que pede a abertura de um inqu�rito para identifica��o de todos os integrantes do grupo. Os criadores classificam o �suposto ato de justi�a� do grupo como �rea��o b�rbara de humilha��o extrema (que) entra em choque com qualquer princ�pio b�sico de humanidade�.