Rio de Janeiro – Agentes da Pol�cia Civil e do esquadr�o antibombas da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) iniciaram ontem a per�cia na cal�ada da Central do Brasil, no Rio, local onde o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago de Andrade, de 49 anos, foi atingido durante cobertura de protesto contra o aumento de passagens no Rio de Janeiro. A cal�ada fica na Avenida Presidente Vargas, uma das principais da cidade, onde a movimenta��o � intensa durante todo o dia. Mesmo assim, o local n�o foi isolado e pessoas desavisadas passavam por cima dos resqu�cios do acidente.
Apesar de uma po�a de sangue seco e da coloca��o de placas num�ricas para identifica��o dos fragmentos, os mais distra�dos s� se davam conta na base do grito: “N�o passa a�, estamos analisando as provas”, diziam os policiais.
O delegado respons�vel pelo caso, Maur�cio Luciano de Almeida e Silva, solicitou � Rede Bandeirantes – emissora para a qual Andrade trabalha – as imagens da c�mera usada no momento que ele foi atingido. Silva tamb�m pedir� as imagens das c�meras de tr�nsito da regi�o e de um fot�grafo que registrou a pessoa que levava o artefato de costas.
Almeida disse ainda que trabalha com a hip�tese de o autor do crime ser um manifestante, j� que o tipo de explosivo n�o � compat�vel com os artefatos usados pela Pol�cia Militar. “Tamb�m temos uma testemunha que viu um manifestante de camisa cinza colocando esse artefato aceso no ch�o”, disse.
O governador S�rgio Cabral (PMDB) classificou de “lament�vel” o acidente e prometeu a pris�o do respons�vel “doa em quem doer”. Segundo o peemedebista, a orienta��o para a Pol�cia Militar � garantir o direito de manifesta��o, mas reagir nos casos de depreda��o e ataques ao patrim�nio p�blico. Para o secret�rio de Seguran�a, Jos� Mariano Beltrame, o ato de anteontem � um exemplo: ele disse que a pol�cia tinha que reagir porque os manifestantes invadiram a principal esta��o ferrovi�ria da cidade “no momento em que milhares de pessoas tentavam voltar para casa”.
Internet Diversos v�deos na internet mostram o momento em o cinegrafista foi atingido pelas costas por um artefato que estava no ch�o, perto de uma �rvore a cerca de cinco metros de onde Andrade filmava o confronto entre policiais e manifestantes. Andrade foi atingido na cabe�a, entre a orelha esquerda e a c�mera. Ele teve afundamento de cr�nio e um corte na orelha e permanece em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. Al�m do cinegrafista, outras seis pessoas ficaram feridas durante o confronto, mas nenhuma com gravidade. Trinta e duas pessoas foram detidas e liberadas ap�s assinar um termo circunstanciado para responder em liberdade.
O protesto que levou ao ferimento do cinegrafista come�ou no fim da tarde de quinta-feira. O n�mero de manifestantes, que era de 600 pessoas no in�cio do ato, cresceu rapidamente, quando iniciaram os confrontos. Bombas de g�s lacrimog�neo foram disparadas nos corredores da esta��o. Passageiros a caminho de casa ficaram desnorteados e correram para escapar da cortina de fuma�a na �rea de embarque. Dentro da Central do Brasil, o grupo promoveu o chamado “roleta�o”, que consiste em pular as roletas que d�o acesso �s plataformas de embarque sem pagar a passagem. Tr�s catracas foram quebradas pelos mascarados que participaram do protesto, assim como um tel�o instalado no local pela Supervia, concession�ria respons�vel pela administra��o do sistema de trens da Regi�o Metropolitana do Rio.
Solidariedade
Pelo Twitter, a presidente Dilma Rousseff (PT) se manifestou sobre o caso do cinegrafista Santiago Andrade. “Minha solidariedade ao cinegrafista Santiago Andrade, atingido por explosivo quando participava da cobertura de manifesta��o, no Rio”. A Associa��o Nacional de Jornais (ANJ) divulgou nota condenando a agress�o ao profissional. “Diante da gravidade do fato, que constitui um atentado � liberdade de imprensa, ao direito da popula��o de ser livremente informada e ao cidad�o de exercer sua profiss�o, a ANJ exige que os respons�veis pelo ataque sejam identificados e punidos com todo o rigor”. A nota � assinada pelo vice-presidente da ANJ, Francisco Mesquita Net.