Rio, 20 - Primeira testemunha a depor no processo em que 25 policiais militares s�o acusados de envolvimento na morte do pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 43 anos, na Favela da Rocinha, zona sul do Rio, o delegado Rivaldo Barbosa afirmou nesta quinta-feira, 20, que os r�us fizeram "uma manobra ardilosa para imputar a terceiros a tortura que resultou na morte da v�tima".
De fato, a primeira linha de investiga��o da Divis�o de Homic�dios apontava que a morte de Amarildo teria sido cometida pelo traficante Thiago da Silva Mendes Neris, o Catatau. A principal prova era uma liga��o telef�nica, supostamente feita por Catatau para o celular do soldado Rodrigo Avelar (que agia infiltrado na quadrilha de traficantes da Rocinha com autoriza��o judicial), em que o criminoso assumia a autoria da morte de Amarildo.
Mais tarde, a pol�cia descobriu que a voz da liga��o era do soldado Marlon Campos Reis, outro indiciado pela morte de Amarildo. Ele sabia que o celular de Avelar estava sendo monitorado no inqu�rito da Opera��o Paz Armada, que resultou na pris�o de diversos traficantes da Rocinha na v�spera do sumi�o de Amarildo, ocorrido na noite de 14 de julho de 2013.
Num depoimento que durou quase tr�s horas, o delegado afirmou ainda que podem existir outros "Amarildos" na Rocinha, j� que haveria provas nos autos de que seriam recorrentes as pr�ticas de tortura e amea�as contra moradores da Rocinha por PMs da Unidade de Pol�cia Pacificadora (UPP) da favela. O processo tramita na 35� Vara Criminal. A imprensa n�o foi autorizada a acompanhar a sess�o. O conte�do dos depoimentos foi informado pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justi�a do Rio. Os 25 r�us estavam presentes.
A acusa��o arrolou 19 testemunhas e os advogados dos PMs convocaram outras 20 pessoas. Uma nova data ser� marcada para a audi�ncia de instru��o e julgamento. Depois das oitivas de todas as testemunhas, os r�us ser�o interrogados. Dos 25 PMs, 13 aguardam o julgamento presos preventivamente. Eles respondem pelos crimes de tortura seguida de morte, oculta��o de cad�ver, forma��o de quadrilha e fraude processual.