Rio, 12 - O soldado Alan Jardim, tesoureiro da Unidade de Pol�cia Pacificadora (UPP) da Rocinha, zona sul, foi a primeira testemunha de acusa��o a ser ouvida na audi�ncia sobre o desaparecimento e morte presumida do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza. A ju�za da 35� Vara Criminal do Tribunal de Justi�a do Rio (TJRJ), Daniella Alvarez, ouvir� no total cinco policiais militares e civis da Delegacia de Homic�dios (DH), nesta quarta-feira, 12. Os depoimentos fazem parte da segunda audi�ncia de instru��o e julgamento do caso, ocorrido em 14 de julho.
Como a imprensa n�o tem acesso a sala de audi�ncia, todas as informa��es s�o repassadas aos jornalistas pela assessoria de imprensa do TJRJ. De acordo com a assessoria, Jardim disse para a ju�za que recebeu ordens para fazer um patrulhamento externo com outros policiais, mas n�o se lembrava de quem tinha partido a ordem. Ele teria ficado no cont�iner ao lado da base da UPP e depois foi ordenado a entrar no cont�iner de apoio.
Segundo ele, todas as c�meras no entorno da UPP da Rocinha estavam desligadas no dia da "averigua��o" do ajudante de pedreiro.
O soldado contou que viu uma viatura chegar na UPP com uma pessoa e que, em seguida ouviu a pergunta "Voc� n�o vai falar?". A frase foi seguida por gritos de sufocamento e gemidos bem altos. "Eram gritos terr�veis, enlouquecedores", afirmou durante o depoimento. Ele tamb�m teria ouvido barulhos de �gua "como se estivessem acordando uma pessoa", de acordo com as informa��es passadas pela assessoria do TJRJ.
Em seguida, Jardim ouviu v�rias pessoas falando. O burburinho foi seguido pelo sil�ncio e, de repente, pessoas gritando "Deu m..., deu m...".
No mesmo dia, o soldado teria recebido ordens para pegar uma capa de moto e teria ouvido barulho de fita crepe sendo desenrolada no cont�iner ao lado. Antes de ir embora (ele n�o falou o hor�rio), teria visto cinco pessoas se dirigindo para a mata com a capa de moto. O major Edson Santos teria se dirigido para a base.
Como era respons�vel pela parte administrativa da UPP, Jardim afirmou que, no dia seguinte, foi buscar informa��es sobre a capa da moto. Recebeu ordens do tenente Luiz Felipe Medeiros, subcomandante da UPP da Rocinha para limpar a capa da moto e se desfazer de uma mesa branca suja de sangue que estava no cont�iner onde, segundo ele, tamb�m havia um balde com �gua e sangue e gotas de sangue no ch�o.
O soldado afirmou que nunca recebeu amea�as do major Santos ou de outros policiais. Nas redes sociais, no entanto, teria sido amea�ado. Um internauta teria dito que "O bom cabrito n�o berra". Jardim disse ter receio que alguma coisa aconte�a com ele.
Dispensa
A policial civil Alik Rachel Amorim foi dispensada de testemunhar. Ela era uma das 20 testemunhas de acusa��o dos 25 policiais r�us no caso. Inicialmente, a ju�za Daniella Alvarez havia convocado 20 testemunhas. Outras pessoas ainda podem ser dispensadas ao longo do processo.