PMs presos por arrastar mulher s�o alvo de 62 a��es

Rio, 19 - Dois dos tr�s policiais militares que est�o presos desde domingo por terem arrastado por cerca de 350 metros a auxiliar de servi�os gerais Claudia Silva Ferreira, de 38 anos, ao transport�-la na ca�amba de uma viatura da PM cuja porta abriu, constam como envolvidos em 62 autos de resist�ncia (mortes de suspeitos em confrontos com a pol�cia). Pelo menos 69 pessoas morreram em supostos tiroteios dos quais os PMs participaram desde 2000.

O subtenente Adir Serrano Machado � o recordista, com envolvimento em 57 registros de autos de resist�ncia (com 63 mortos). O subtenente Rodney Miguel Archanjo aparece em cinco ocorr�ncias (com seis mortos). J� o sargento Alex Sandro da Silva Alves n�o tinha participa��o em nenhum auto de resist�ncia at� o �ltimo domingo, quando um adolescente de 16 anos, suspeito de envolvimento com o tr�fico, morreu durante a opera��o no Morro da Congonha, em Madureira, zona norte, onde Claudia morava - e foi baleada no pesco�o e nas costas.

A ocorr�ncia com mais mortes ocorreu em 16 de fevereiro de 2009 e foi registrada na 34� Delegacia de Pol�cia, em Bangu, zona oeste do Rio. De acordo com o registro 034-2014/2009, quatro pessoas morreram em confronto com o ent�o segundo sargento Adir e outros tr�s PMs. Os PMs suspeitaram que os quatro pertencessem a uma quadrilha de roubo de cargas que agia na �rea da 40� DP (Hon�rio Gurgel) e iniciaram uma persegui��o. Os suspeitos estavam numa Kombi e num Corsa. Eles teriam atirado nos PMs, que revidaram. Baleados, os suspeitos n�o resistiram.

O laudo cadav�rico do Instituto M�dico-Legal apontou que a causa da morte de Claudia foi um tiro que atingiu o cora��o e o pulm�o. Ap�s a mulher ter sido baleada, os PMs a colocaram no porta-malas de uma Blazer da corpora��o para lev�-la ao hospital. No meio do caminho, a porta da ca�amba abriu. Desacordada, Claudia rolou para fora e ficou presa ao porta-malas do ve�culo por um peda�o de roupa. A mulher ficou batendo no asfalto e teve parte do corpo dilacerada. Por conta disso, havia a suspeita de que este poderia ser o motivo da morte.

Os tr�s PMs v�o depor hoje na 29� DP (Madureira). A morte de Claudia foi desmembrada do registro inicial de auto de resist�ncia e o caso foi novamente autuado como homic�dio.

Os policiais foram presos em flagrante no domingo, por determina��o do comando do 9� Batalh�o da PM, que os enquadrou no crime de "deixar, no exerc�cio de fun��o, de observar lei, dando causa direta � pr�tica de ato prejudicial � administra��o militar", previsto no artigo 324 do C�digo Penal Militar. O comando considerou inadequada a forma como os PMs socorreram Claudia.

Ap�s prestarem depoimento � Corregedoria da Pol�cia Militar na segunda-feira, 17, os tr�s PMs que participaram do socorro a Claudia foram encaminhados ao pres�dio Bangu 8, na zona oeste. Isso porque o Batalh�o Especial Prisional (BEP) da PM, em Benfica, na zona norte, foi interditado pela Vara de Execu��es Penais (VEP), depois que uma opera��o do Minist�rio P�blico encontrou uma s�rie de "regalias" no local, como aparelhos de ar condicionado, computadores e at� latas de cerveja. A inspe��o foi realizada na segunda-feira de Carnaval.

Um novo v�deo publicado ontem pelo site do jornal Extra, feito pela c�mera de seguran�a de uma loja na Estrada Intendente Magalh�es, mostra a mulher sendo arrastada pela Blazer a 350 metros de dist�ncia do local onde os PMs pararam o ve�culo e recolocaram Claudia na ca�amba. No primeiro v�deo divulgado anteontem pelo jornal, feito por um cinegrafista amador, o trecho em que a v�tima ficou pendurada do lado de fora era de cerca de 250 metros.

O advogado Marcos Esp�nola, que defende o sargento Alex, ajuizou ontem pedido de liberdade provis�ria para seu cliente. "A pena prevista no crime militar pelo qual os policiais s�o acusados vai de 3 meses a um ano de deten��o. Ou seja, mesmo que ele seja condenado, n�o ficar� preso. Por isso n�o h� motivo para mant�-lo preso preventivamente." As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.