
Salvador – Com um saldo de 39 assassinatos, 60 carros roubados e saques em v�rios estabelecimentos comerciais, a Pol�cia Militar da Bahia anunciou ontem o fim da greve iniciada na noite de ter�a-feira. O acordo entre o governo e as associa��es de militares foi apoiado por duas fontes de press�o importantes: a Justi�a Federal, que julgou a paralisa��o ilegal e estipulou multa di�ria de R$ 1,4 milh�o por dia �s seis entidades envolvidas e a seus diretores, e o arcebispo de Salvador, dom Murilo Krieger, que participou das negocia��es. As negocia��es foram realizadas na manh� de ontem, em reuni�o que envolveu o comandante-geral da corpora��o, coronel Alfredo Castro, lideran�as grevistas, representantes do governo, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o arcebispo.
O encontro foi convocado para apresentar uma contraproposta do governo, elaborada durante a madrugada, que atendia a alguns dos 37 itens da pauta de reivindica��es dos grevistas. Os principais foram revis�es nos planos de carreira e de cargos e sal�rios, reajustes nos valores das gratifica��es por Condi��es Especiais de Trabalho (CET), revis�o do C�digo de �tica da categoria e retirada de san��es aos grevistas. Enquanto a reuni�o ocorria, o Tribunal Regional Federal da 1ª Regi�o, em Bras�lia, concedeu liminar pedida pelo Minist�rio P�blico Federal determinando a imediata paralisa��o do movimento grevista e estipulando a multa milion�ria.
Ao fim da reuni�o, Krieger reuniu todos os que participaram do encontro, para uma ora��o, pedindo pelo fim da greve, e seguiu para o local onde os PMs estavam acampados desde ter�a-feira, um antigo parque aqu�tico transformado em �rea de shows, na Avenida Paralela, a mais movimentada da cidade. Ali, fez mais uma ora��o, com os PMs, antes do in�cio da assembleia que definiu o fim da greve. O arcebispo ficou at� que a decis�o fosse tomada. L�der do movimento, o ex-PM e hoje vereador de Salvador Marco Prisco (PSDB) leu a contraproposta. Ao fim, antes de abrir a vota��o, instruiu os grevistas. “O acordo � bom para a associa��o”, disse.
Bom senso Ao saber da decis�o dos militares, o governador Jaques Wagner (PT) foi enf�tico: “Prevaleceu o bom senso na decis�o do fim da greve. Mas n�o temos o que comemorar pelos epis�dios violentos que foram registrados na Bahia nestes dois dias de greve”, afirmou o petista. Wagner disse ainda esperar que “a PM entenda que o direto � reivindica��o n�o pode nunca ser superior ao direito da popula��o”.
Segundo a Secretaria de Seguran�a P�blica da Bahia, Salvador e a Regi�o Metropolitana registraram a ocorr�ncia de 39 homic�dios entre ter�a-feira e ontem – bem superior � m�dia de 10 homic�dios a cada dois dias na regi�o. Entre os mortos est�o dois policiais que foram assassinados na periferia da capital. Um dia ap�s o in�cio da greve, agentes da For�a Nacional de Seguran�a desembarcaram em Salvador para fazer o policiamento nas principais cidades da Bahia, a pedido do governo baiano.
Jaques Wagner tamb�m cobrou do Supremo Tribunal Federal (STF) uma posi��o mais clara sobre o direito de greve das for�as armadas. “Pois existe sempre um risco de prevalecer a desordem e de se colocar a popula��o em risco”. O ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, que foi at� a capital baiana para acompanhar os trabalhos, disse que fazia “um gesto de solidariedade ao governo da Bahia pela amea�a de desordem que tentaram instalar” no estado. “O regime de estado de direito n�o pode ser amea�ado por aquelas pessoas que t�m o dever de cumprir a Constitui��o e juraram cumprir a Constitui��o.”