Porto Alegre, 23 - Constitu�dos entre o final da semana passada e o in�cio desta, os advogados dos tr�s suspeitos de envolvimento com o assassinato do menino Bernardo Boldrini preparam diferentes estrat�gias de defesa para seus clientes. Vanderlei Pompeo de Mattos, defensor da madrasta Graciele Ugulini, que ainda n�o prestou depoimento, vai pedir para ela falar alguma coisa para acabar com as especula��es sobre a participa��o que teve no crime. J�der Marques, representante do pai, o m�dico Leandro Boldrini, avisou � pol�cia que seu cliente abre m�o de seus sigilos para contribuir com a investiga��o e mostrar que � inocente. E Demetryus Eugenio Grapiglia, nomeado pela assistente social Edelv�nia Wirganovicz, vai tentar desconstituir o depoimento dela, alegando que foi prestado sem a presen�a de um advogado, e sustentar que ela reconhece ter participado da oculta��o do cad�ver, mas n�o do "evento morte" do garoto.
O corpo de Bernardo foi encontrado em um matagal no interior de Frederico Westphalen (RS) em 14 de abril, dez dias depois de seu desaparecimento em Tr�s Passos, cidade ga�cha de resid�ncia da fam�lia. A pol�cia prendeu o m�dico, a madrasta e a assistente social e vem manifestando convic��o de que os tr�s tem algum tipo de participa��o no crime, mas com a ressalva de que a investiga��o ainda n�o conseguiu estabelecer qual foi a conduta individual de cada um. Os dados j� tornados p�blicos indicam que Graciele e Edelv�nia sa�ram da �rea urbana de Frederico Westphalen acompanhadas de Bernardo e voltaram sem ele no dia 4 de abril. Na noite de segunda-feira, 21, dois delegados tentaram tomar depoimento de Graciele no pres�dio, mas, segundo Mattos, que estava junto, ela se mostrou abalada, chorou muito e acabou n�o falando.
"Eu vou tomar conhecimento do que j� est� no inqu�rito e depois sugerir que ela diga alguma coisa para acabar com a especula��o", adianta o advogado. "Quem sabe ela n�o tenha uma not�cia surpreendente para nos dar", afirma. Mattos disse que assumiu o caso a pedido do pai de Graciele, que mora em Santo Augusto, mas admite que ainda n�o tem conhecimento suficiente para falar na tese de defesa. "Pela proced�ncia e cria��o dela n�o se poderia cogitar a pr�tica do ato que est�o atribuindo a ela", comenta. Pelas informa��es j� acessados pela imprensa, a madrasta � suspeita de ter premeditado o crime, pedido a ajuda da assistente social mediante oferta de dinheiro e aplicado uma inje��o letal no garoto.
O advogado de Edelv�nia nega que ela tenha participado ou presenciado a morte do garoto e admite que a assistente social ajudou a ocultar o cad�ver, mas n�o por dinheiro e sim porque teria sofrido press�o psicol�gica de Graciele, inclusive com amea�as a familiares. O representante de Leandro prometeu entregar a senha do celular do m�dico � pol�cia e informou que seu cliente abre m�o espontaneamente de todos os seus sigilos legais para colaborar com a investiga��o. Marques afirmou nesta quarta-feira, 23, que, ao contr�rio da vers�o vazada pela pol�cia, o m�dico n�o foi frio, mas "desabou" no momento em que foi informado da morte do filho e preso. "Isso ocorreu quando ele entendeu o que estava acontecendo", narrou Marques, que tamb�m � advogado de Elissandro Spohr, r�u do processo pela morte de 242 frequentadores da boate Kiss, em Santa Maria.
Marques entregou requerimento � delegacia de Tr�s Passos pedindo que tr�s policiais que prenderam Boldrini sejam ouvidos no inqu�rito para narrarem formalmente qual foi a rea��o do m�dico quando foi informado da morte do filho. O advogado sustenta que os dados do celular v�o mostrar que o m�dico trocava constantes mensagens com o filho e n�o tratava o garoto com descaso. "Ele (Boldrini) n�o teve nenhuma participa��o (no crime)", afirma. A madrasta, a assistente social e o m�dico est�o em celas individuais de um pres�dio da regi�o de Tr�s Passos. A delegada Caroline Bamberg disse nesta quarta-feira que faltam 20% do trabalho para a conclus�o da investiga��o, que vai apontar as responsabilidades individuais de cada envolvido com o assassinato. N�o est� descartada a hip�tese de uma quarta pessoa tamb�m ter participado ou ocultado o crime. A policial admitiu pedir prorroga��o do prazo de 30 dias para finalizar o inqu�rito.