O fazendeiro Marlon Lopes Pidde foi condenado na madrugada desta sexta-feira, 9, por maioria de votos a 130 anos de pris�o como mandante do assassinato de cinco trabalhadores rurais em Marab�, no sudeste do Estado. Os crimes, que ocorreram em setembro de 1985, dentro da fazenda Calif�rnia 3, tamb�m conhecida na regi�o por Princesa, ficaram 29 anos impunes.
Marlon Pidde vai apelar da senten�a em liberdade, segundo decis�o do juiz Edmar Pereira. O advogado Osvaldo Serr�o, defensor de Pidde, anunciou que vai recorrer da decis�o dos jurados. A senten�a foi lida �s 3 horas da manh� e foi comemorada por familiares das v�timas presentes � sess�o. O fazendeiro passou 20 anos foragido. Ele s� foi preso em 2006, em S�o Paulo, onde residia, com documento falso de identidade. No momento da pris�o, a Pol�cia Federal descobriu que o fazendeiro tentava sair do pa�s para morar nos Estados Unidos.
O promotor Jos� Rui Barbosa afirmou que Pidde confiava no poder da fortuna que acumulou, extraindo ouro no garimpo Serra Pelada, para que a chacina por ele comandada caisse de vez na impunidade. Segundo Barbosa, para atrair as v�timas Manoel Barbosa da Costa, Jos� Barbosa da Costa, Ezequiel Pereira da Costa, Jos� Pereira de Oliveira e Francisco Oliveira da Silva, os acusados, informaram aos invasores que uma ju�za de direito estaria esperando-os na sede da fazenda, em companhia do fazendeiro, para juntos resolverem os problemas das terras.
"Quando todos j� estavam na sede da fazenda, por volta de 17 horas, os cinco agricultores foram amarrados, torturados, queimados e em seguida cruelmente assassinados pelos pistoleiros contratados pelo fazendeiro", afirmou o promotor.
Pelo depoimento das testemunhas arroladas no processo, Pidde, al�m de mandante, participou materialmente da chacina, chegando inclusive a incendiar um dos barracos das v�timas. Depois da execu��o sum�ria, os pistoleiros atiraram os cad�veres no rio Itacai�nas, todos amarrados com cordas e pedras pesadas presas nas extremidades.
O advogado Osvaldo Serr�o, defensor de Pidde, afirmou que havia "prova insuficiente e n�o isenta" para condenar o fazendeiro. Ele alertou para o risco de decis�es inseguras e injustas, referindo-se ao caso de uma mulher que, dias atr�s, em S�o Paulo foi arrastada pelas ruas e linchada at� a morte por "turba enfurecida e desinformada", que baseou-se em uma not�cia da Internet para fazer justi�a. "O �nus da prova da participa��o do fazendeiro no crime cabe ao Minist�rio P�blico, mas o que foi apresentado aqui foi d�bil, fr�gil", enfatizou Serr�o.