(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

'Abaporu' seria um autorretrato, diz Tarsilinha em livro


postado em 12/05/2014 14:33

Um autorretrato ousado. Um presente cheio de paix�o. Quase 90 anos ap�s ter sido pintada, Abaporu, a tela brasileira mais valorizada da hist�ria, ganha uma nova interpreta��o. Deve sair nos pr�ximos meses o livro Abaporu: Uma Obra de Amor, escrito por Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta e respons�vel pelos direitos da obra da pintora modernista.

O livro foi a maneira encontrada por Tarsilinha para tornar p�blico o insight que a acompanha h� alguns anos: que o quadro mais famoso de sua tia - e um dos mais importantes da arte brasileira - foi, na verdade, um autorretrato de Tarsila, possivelmente nua, em frente a um espelho, feito para impressionar sua grande paix�o, na �poca, o escritor Oswald de Andrade.

Foi por sugest�o de uma amiga que Tarsilinha aventou essa hip�tese pela primeira vez. Em 2011, resolveu fazer um inusitado teste - para "tirar a prova" de tal vers�o. Ela lan�ou a possibilidade de que o quadro fosse a reprodu��o de uma imagem refletida num espelho, um espelho que estivesse levemente inclinado, criando a deforma��o que caracteriza a obra.

Aproveitando-se da semelhan�a f�sica com a tia-av� ilustre, Tarsilinha posou para um espelho inclinado - de forma similar � foto que aparece nesta p�gina. "Ou seja, procurei imitar a prov�vel pose que a artista teria assumido quando pensava no quadro que faria, naquele long�nquo dia de 1928", diz ela, em trecho do livro. "A m�gica se completou: a imagem que vi no espelho lembrava de maneira impressionante a figura do Abaporu, como se de repente tiv�ssemos nos deslocado no tempo e no espa�o e, por um encantamento, encontr�ssemos a resposta de um enigma, uma chave nova para compreender uma obra por si t�o cheia de mist�rio."

Tarsilinha recorreu a fotos e mem�rias de fam�lia para comprovar ainda mais fortemente sua interpreta��o. De acordo com uma sobrinha da pintora, Helena do Amaral Galv�o Bueno, na casa onde Tarsila vivia com Oswald em 1928 havia um enorme espelho inclinado, apenas encostado na parede, justamente no corredor anexo ao quarto-ateli� que ela dividia com o escritor.

"Outra semelhan�a entre a pintura e a pintora est� no p�. Assim como o Abaporu, familiares acreditam que Tarsila tamb�m tinha o segundo podod�ctilo maior do que o primeiro, o h�lux", conta Tarsilinha. "Este detalhe anat�mico teria sido percebido, na inf�ncia, por uma das sobrinhas-netas da pintora, Mar�lia Estanislau do Amaral Powers - ela pr�pria tamb�m dotada dessa caracter�stica, o que, por ser heredit�ria, s� refor�a a tese. Irm�o de Tarsila, Milton Estanislau do Amaral, era outro da fam�lia que tinha os dedos dos p�s assim."

Ciente da import�ncia de Abaporu para a arte brasileira, bem como da pot�ncia das interpreta��es consagradas acerca do significado do quadro, Tarsilinha n�o pretende que essa sua conclus�o se sobreponha ao sentido mais amplo e metaf�rico que a tela atingiu. "Com este livro, n�o quero mudar a brilhante ideia que Oswald de Andrade teve ao achar que o Abaporu era o homem plantado na terra. O importante � que fique tamb�m clara a inspira��o da obra, a perspic�cia de Tarsila do Amaral - sua capacidade de transformar uma cena do cotidiano, do acaso, no mais famoso quadro brasileiro de todos os tempos." Ou seja: ela lan�a um novo olhar � obra da tia-av� e reconhece que, para artistas geniais, a simplicidade do cotidiano � o bastante para impulsionar a cria��o.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)