Rio, 20 - As crateras abertas em Ipanema, zona sul do Rio, h� nove dias, pela obra da linha 4 do metr�, foram resultado do desprendimento de um peda�o de rocha, que atrapalhou o funcionamento da tuneladora, ou tatuz�o (equipamento usado para as escava��es). A explica��o foi dada ontem pelo cons�rcio respons�vel pela constru��o da linha, que ir� at� a Barra da Tijuca.
Segundo o gerente de produ��o da obra, Alu�sio Coutinho, o bloco de rocha entrou no tatuz�o e outros fragmentos se desprenderam. O terreno ent�o se descompactou e se abriram duas crateras na Rua Bar�o da Torre. O incidente foi na zona de transi��o entre rocha e areia, que tende a ser mais inst�vel por conta da diferen�a de densidade - mas que tinha recebido grande quantidade de cimento antes do in�cio das escava��es, para que ficasse mais homog�nea.
Coutinho disse que a �rea est� recebendo mais cimento, pois a areia ficou "fofa" depois do incidente. As escava��es s� devem ser retomadas em 45 ou 60 dias (ainda h� 20 metros para escavar nessa �rea de transi��o). O engenheiro tranquilizou os moradores da rua, que est�o apavorados. "Dizer que � imposs�vel (se repetir), n�o �. Mas a probabilidade � extremamente pequena. Foi algo an�malo e pontual. Houve danos est�ticos nos pr�dios, nada estrutural. O m�todo � o mais moderno que existe, o mesmo usado em metr�s de Nova York, Londres e Paris, e fazemos monitoramento 24 horas por dia", afirmou. A obra n�o deve atrasar: o prazo � o primeiro semestre de 2016, antes dos Jogos Ol�mpicos.
O tatuz�o tem 11,5 metros de di�metro e � a maior tuneladora j� empregada em obras metrovi�rias no Pa�s. Desde dezembro de 2013, ele escava de 15 a 18 metros de t�nel por dia e � quatro vezes mais r�pido do que os m�todos usados para abrir os t�neis do metr� anteriores, de acordo com o cons�rcio.
A maior cr�tica dos moradores � tamb�m a do especialista Fernando Mac Dowell, engenheiro que trabalhou na implanta��o da linha 1 do metr�, nos anos 1970 � a baixa profundidade de opera��o do tatuz�o. A princ�pio, as escava��es seriam a 40 metros da rua, mas houve uma altera��o e a m�quina est� a 12 metros.
"Esse incidente n�o poderia ter acontecido. Houve uma preocupa��o muito grande em se ter o 'maior tatuz�o do Brasil'. Se tivesse sido feito a 40 metros, n�o teria problema, mas a 12 metros, teria que ser um di�metro menor", apontou o especialista. Os moradores est�o promovendo reuni�es com residentes tamb�m do Leblon, por onde o tatuz�o ainda ir� passar.
Na Bar�o da Torre, eles colocaram faixas nas janelas com a inscri��o "SOS". A maioria relata sentir trepida��es nos apartamentos e desconfia das explica��es oficiais. "N�o sabemos se podemos acreditar. Se eles j� monitoravam o subsolo, como � que n�o sabiam que podia acontecer? Est�o trabalhando �s cegas? Estamos falando de risco de vida e perda do patrim�nio", criticou o webdesigner Deyson Thom�, que, coincidentemente, j� trabalhou como condutor do metr�.