
O protesto que parou Bras�lia na tarde de ontem n�o teve nem lideran�a nem pauta em comum, com exce��o da cr�tica � Copa do Mundo. Coletivos da juventude, trabalhadores sem-teto e ind�genas aproveitaram a apresenta��o da ta�a do torneio para demonstrar a revolta com os gastos feitos com o Mundial. Al�m dos ataques aos benef�cios que o governo brasileiro concedeu � Federa��o Internacional de Futebol (Fifa), os grupos pediam melhorias em pol�ticas habitacionais e garantias de direitos constitucionais.
As principais articula��es do ato foram do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), que levou grande n�mero de manifestantes, e do coletivo Juntos, movimento nacional de jovens. No caso dos trabalhadores, a maior reivindica��o se refere a melhorias nas pol�ticas p�blicas de moradia. O grupo pede que o governo federal regulamente as condi��es para o despejo de moradores de �reas invadidas e, ainda, a cria��o de uma nova Lei do Inquilinato, pois o movimento considera que a legisla��o atual permite a pr�tica de pre�os abusivos.
O grupo aproveitou para colocar na pauta o pedido por moradia para todas as pessoas removidas para as obras da Copa. Em um contexto local, o movimento exige abertura de contas da Ag�ncia de Desenvolvimento do DF (Terracap) e do Est�dio Nacional de Bras�lia Man� Garrincha, bem como o fim dos leil�es de terras p�blicas para as empreiteiras. “Muita gente n�o tem onde morar. Enquanto isso, o governo vende �reas que pertencem ao Estado para sanar as d�vidas da constru��o do est�dio”, criticou Edson da Silva, l�der nacional do movimento.
Organiza��es formadas exclusivamente para denunciar os gastos com o Mundial tamb�m levaram contingente significativo ao ato na regi�o central. Integrante do Juntos no Distrito Federal, M�rcio Tavares questiona os sacrif�cios cometidos para sediar a Copa. “� inadmiss�vel aceitarmos passivamente que o nosso governo vire as costas para problemas que afetam o nosso cotidiano, como sa�de, educa��o e moradia, e invista tanto dinheiro na constru��o de est�dios”, justificou.
Eles ainda classificaram como violenta a a��o do Batalh�o de Opera��es Especiais (Bope). As lideran�as reclamaram que nem tiveram a oportunidade de dialogar com o comando da tropa e foram contidas com bombas de efeito moral nas proximidades do Est�dio Nacional. Segundo elas, a inten��o era fazer um protesto pac�fico e n�o invadir a tenda onde estava exposta a ta�a. O Governo do Distrito Federal informou, por meio de nota, que “manifesta��es p�blicas e pac�ficas fazem parte do processo democr�tico e que as for�as de seguran�a da capital est�o preparadas para garantir esse direito e proteger a popula��o”.
Novos atos
A Articula��o Nacional dos Comit�s Populares da Copa (Ancopa) colaborou no ato de ontem e promete organizar protestos ainda maiores nos sete dias de jogos em Bras�lia. Em resposta � acusa��o de que as manifesta��es levam pautas muito amplas e difusas �s ruas, o grupo definiu o que vai reivindicar em cada protesto. “Em 15 de junho, cobraremos educa��o, sa�de e servi�os p�blicos de qualidade”, informou Thiago �vila, integrante do Ancopa.
A dobradinha MTST e Juntos, dois movimentos de abrang�ncia nacional, tamb�m organizou um grande protesto que levou 15 mil pessoas �s ruas de S�o Paulo na semana passada. Diferentemente das �ltimas grandes manifesta��es no DF, a de ontem teve forte apelo pol�tico. Durante a mobiliza��o, dezenas de pessoas carregavam bandeiras do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU).