Rio de Janeiro, 11 - Um dia antes do in�cio da Copa do Mundo, com pelo menos dois protestos contra a competi��o marcados para esta quinta-feira, 12, no Rio de Janeiro, dez ativistas de presen�a constante nas manifesta��es tiveram seus computadores e celulares apreendidos e foram levados nesta quarta-feira, 11, � delegacia para prestar depoimento durante todo o dia. Entre eles estava a ativista Elisa Quadros, a Sininho, que ficou conhecida ap�s os protestos do ano passado.
A pol�cia fez a opera��o logo cedo, por volta das 6h, para o cumprimento de 17 mandados de busca e apreens�o nas casas de "pessoas investigadas por participa��o direta ou indireta em pr�tica de atos violentos durante protestos", informou em nota a corpora��o.
Sininho estava entre os conduzidos � Delegacia de Repress�o a Crimes de Internet (DRCI). Ao contr�rio dos demais ativistas, que passaram o dia na Cidade da Pol�cia, no Jacar�, zona norte do Rio, Sininho foi embora �s 13h e teve o depoimento remarcado para quinta-feira, �s 10h30. Ela tinha de participar como testemunha de audi�ncia na Auditoria da Justi�a Militar no processo que o major F�bio Pinto Gon�alves e o primeiro tenente Bruno C�sar Andrade Ferreira respondem por constrangimento ilegal. Em setembro de 2013, os dois PMs foram flagrados em v�deo forjando um flagrante de posse de explosivo contra um manifestante.
Os advogados de Sininho e outros ativistas disseram que sete pessoas foram levados � delegacia para depor (entre eles um menor, de 17 anos). A pol�cia, em nota, informou que eram dez. "A inten��o do Estado neste momento � estabelecer a prova, que eles n�o v�o conseguir porque n�o existe, da tal organiza��o ou associa��o criminosa", disse o defensor de Sininho, Marino D'Icarahy, que hoje representava outros dois ativistas, Eduarda Castro e Thiago Rocha.
Foram apreendidos computadores, tablets, smartphones, pendrives, HDs, roupas, m�scaras (como a de Guy Fawkes, popularizada nos protestos e pelo grupo Annonymous), bandanas e at� um taco de softbol (parecido com o de beisebol), que uma das ativistas informou usar h� 20 anos para praticar o esporte.
A pol�cia n�o divulgou detalhes sobre a opera��o ou teor (e objetivo) dos depoimentos. Informou apenas que as investiga��es continuam e o inqu�rito est� sob segredo de Justi�a. "A a��o � um desdobramento do inqu�rito da DRCI que, em 4 de setembro do ano passado, prendeu e indiciou tr�s homens por forma��o de quadrilha e incita��o � viol�ncia".
Para o advogado de Sininho, a escolha da v�spera da Copa para realizar a opera��o n�o foi por acaso. "N�o existem coincid�ncias. Foi tudo programado, de caso pensado, parte de um processo de intimida��o e criminaliza��o do ativismo pol�tico".
Preocupa��o
A Anistia Internacional divulgou nota hoje em que demonstra preocupa��o com iniciativas da Secretaria de Seguran�a do Rio que "possam intimidar manifestantes" durante a Copa. No documento, a ONG tamb�m questiona a decis�o da FIFA de negar tr�nsito livre para a Defensoria P�blica em locais de competi��o, como o est�dio do Maracan�.
"A Anistia Internacional espera que, durante o per�odo dos jogos, manifestantes n�o sofram qualquer tipo de intimida��o ou repres�lia. A liberdade de express�o e manifesta��o pac�fica s�o um direito humano e devem ser garantidos pelo Estado brasileiro durante a Copa", escreveu o diretor executivo da entidade no Pa�s, Atila Roque.