Reintegra��o no Recife acaba com tr�s feridos e quatro presos

 

Quatro pessoas foram detidas e tr�s ficaram feridas durante a reintegra��o de posse da �rea do Cais Jos� Estelita, no bairro de S�o Jos�, no Recife, na manh� desta ter�a-feira, 17. No local, um cons�rcio de empreiteiras pretende implantar um projeto imobili�rio de R$ 800 milh�es que inclui 12 torres de at� 40 andares. Para cumprir a decis�o da Justi�a de reintegra��o, a Pol�cia Militar de Pernambuco chegou �s 5h15 e utilizou a Tropa de Choque e a Cavalaria. De acordo com advogados dos ativistas do grupo Direitos Urbanos, a PM usou "arbitrariedade e viol�ncia" para retirar os cerca de 50 acampados que se encontravam na �rea. A PM n�o informou o efetivo utilizado, mas, segundo os ativistas, havia pelo menos 150 homens.

Os acampados estavam no local desde o dia 21 de maio, quando o Cons�rcio Novo Recife come�ou a demolir galp�es da �rea numa a��o que foi suspensa pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), por ser uma �rea com interesse hist�rico e cultural. "Estamos vivendo um estado de exce��o em que o poder econ�mico determina as a��es do poder do Estado", afirmou a advogada Liana Cirne Lins, que chegou a ser atingida por um cassetete ao tentar entrar na �rea para negociar uma sa�da pac�fica. "Estranhamos o fato de a reintegra��o ter sido feita sem aviso pr�vio, em dia de jogo do Brasil e estando o projeto em negocia��o."

Um outro advogado do movimento foi atingido por spray de pimenta e declarou que os oficiais de Justi�a foram omissos e atendiam diretamente as ordens dos representantes do Cons�rcio Novo Recife, que � formado pelas empreiteiras Moura Dubeux, Queiroz Galv�o, Ara Empreendimentos e GL Empreendimentos. A assessoria de imprensa do cons�rcio disse que foi cumprida uma decis�o que foi concedida no dia 29. De acordo com o Minist�rio P�blico de Pernambuco, a decis�o de reintegra��o de posse foi alvo de um agravo, pois o procedimento adotado n�o foi correto. A decis�o foi concedida na segunda inst�ncia judicial, quando caberia � primeira.

O porta-voz da PM, o capit�o J�lio Arag�o, disse que o efetivo chegou ao local �s 5h15 e quis negociar com os acampados, que se opuseram. Diante da negativa, uma oficial de Justi�a que acompanhava a reintegra��o de posse solicitou o uso da for�a. A reintegra��o ocorreu de fato �s 6h17, segundo a PM. Os ativistas negam que tenha havido negocia��o. De acordo com a PM, quatro pessoas foram detidas por "desobedi�ncia, incita��o � viol�ncia e amea�a aos policiais". Ainda segundo a PM, a arquiteta Cristina Lino Gouv�a, de 33 anos, agrediu uma policial com mordidas e o estudante Jordi Ricardo Souza da Hora estava com dois estilingues. Tamb�m foram detidos o peruano Librian Shiozawa e o argentino Milton Ivan Petruczok. Os feridos foram atingidos por balas de borracha, spray de pimenta e bombas de g�s lacrimog�neo.

#OcupaEstelita.

A advogada dos ativistas Carla Guareschi avaliou que a reintegra��o de posse n�o esvaziou o movimento #OcupaEstelita. "A mobiliza��o promoveu o embargo do projeto que est� em discuss�o", afirmou ela. Desde o dia 3 de junho, o projeto � alvo de discuss�o mediada pela Prefeitura do Recife e com participa��o de representantes do #OcupaEstelita, do Cons�rcio Novo Recife, dos Minist�rios P�blicos Federal e Estadual, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades de sociedades civis.