
Apesar do protesto de trabalhadores sem-teto em frente � C�mara Municipal, os vereadores n�o devem votar nesta ter�a-feira (24) o Plano Diretor de S�o Paulo, que define o planejamento urbano da cidade para os pr�ximos 16 anos.
Os representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) prometem montar acampamento em frente � C�mara at� que o plano seja votado. Os sem-teto reivindicam a aprova��o imediata do plano, que inclui �reas da cidade j� ocupadas por eles, como zonas especiais de Interesse Social (Zeis), destinadas a moradias populares. A �nica �rea n�o prevista no plano � a ocupa��o Copa do Povo, em Itaquera. Os manifestantes pedem para que tal �rea seja inclu�da no plano ou seja reconhecida como Zeis, por meio de projeto de lei que seja votado ao mesmo tempo que o Plano Diretor.
Na tarde de hoje, os sem-teto fizeram uma caminhada da Pra�a da Rep�blica at� a C�mara. Neste momento, eles fazem muito barulho em frente ao pr�dio e montam barracas para o acampamento. Os sem-teto tamb�m prometem fazer uma ocupa��o por semana at� que o plano seja votado.
Os manifestantes acusam o vereador Jos� Police Neto de obstruir a vota��o. Segundo eles, em sua campanha, o vereador teve apoio de empreiteiras e que agora estaria atendendo a interesses do setor e prejudicando a vota��o do Plano Diretor.
“A vota��o do plano est� sendo suspensa pela quarta vez por conta do Police Neto, que encabe�a uma frente para derrubar as vota��es na C�mara. Sabemos do interesse das construtoras, que subsidiaram a campanha do Police Neto, que hoje vem com for�a total contra a vota��o do Plano Diretor”, disse Jussara Basso, uma das coordenadoras do MTST, em entrevista � Ag�ncia Brasil.
Hoje os manifestantes queimaram um espantalho com o nome do vereador.
Police Neto disse que o MTST n�o est� contribuindo para o debate do plano. “� estranho que um �nico movimento fa�a isso, enquanto todos os outros v�m nos acompanhando e aplaudindo”, disse o vereador. “Parece-me que o MTST, em vez de ajudar a cidade, atrapalha e cria bagun�a. Parece-me que o MTST, de fato, saiu da linha”, acrescentou.
Segundo Police Neto, o plano ainda precisa ser discutido e s� dever� ser aprovado em at� dez dias. “Estamos muito pr�ximos da vota��o. Temos alternativas para votar o plano, que n�o pode legitimar a invas�o. Ele tem que legitimar a habita��o digna. Estamos esperan�osos em conseguir votar, mas achamos que existem erros flagrantes no projeto, empurrando a popula��o cada vez mais para as periferias”, disse ele, afirmou o vereador. Para ele, � preciso trazer “os que t�m menos tem recursos para a regi�o central”.
O vereador confirmou o ter recebido apoio de empreiteiras, mas ressaltou que isso n�o afeta o plano. “Fui apoiado por uma empreiteira. Como 17 vereadores aqui e tr�s candidatos a prefeito. E fui o que menos recebeu. Incr�vel que eles n�o falem dos outros.”
O relator do Plano Diretor, Nabil Bonduki, disse que o projeto est� pronto para ser votado, faltando somente o debate em plen�rio, mas isso deve demorar at� uma semana para ser feito. “N�o existe prazo regimental [para ser votado]. No entanto, hoje faz 42 semanas que o projeto est� na C�mara – � o tempo de uma gesta��o. Ou seja, estamos exatamente naquele momento certo para votar. N�o � nem precoce, nem vai passar da hora. Acredito que o ideal seria votar nesta semana”, afirmou.
Sobre o ponto levantado pelo vereador Police Neto, de que o plano n�o engloba moradias populares no centro da cidade, o relator respondeu que � “exatamente o contr�rio”. “O Plano Diretor prop�e um grande n�mero de Zeis, bem localizadas. Limita o crescimento horizontal da cidade ao criar uma zona rural; estabelece uma pol�tica de aquisi��o de terras em Zeis 3, localizadas no centro, e praticamente dobra o n�mero de habita��es situadas nos eixos de transporte coletivo e nas �reas mais centrais da cidade”, acrescentou.
Quanto � Ocupa��o Copa do Povo, Nabil disse que n�o se pode incluir no plano todas as ocupa��es que venham a ocorrer. “N�o podemos, a cada dia, mudar o Plano Diretor porque uma nova ocupa��o surgiu na cidade. O Plano Diretor � uma pe�a estrutural da cidade, um instrumento de maior magnitude", protestou Nabil. Para ele, � preciso aprovar primeiro o Plano Diretor e depois, com base em seus objetivos e diretrizes, outras quest�es que venham a ocorrer na cidade.