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Estado de Minas

Moradores cobram explica��o da PM sobre morte de crian�a por bala perdida

A bala que atingiu o menino foi disparada durante tiroteio entre policiais do 41� Batalh�o da Pol�cia Militar e criminosos da comunidade. A per�cia foi feita no local, e a pol�cia civil apreendeu 15 armas dos policiais que participaram da opera��o


postado em 27/06/2014 07:23

O menino Luiz Felipe Rangel de Melo, de 3 anos, v�tima de uma bala perdida enquanto dormia em casa, no Morro da Quitanda, em Costa Barros, zona norte do Rio de Janeiro, foi enterrado no fim da tarde de hoje (26), no cemit�rio de Iraj�, sob pedidos de justi�a e paz na comunidade.

A bala que atingiu o menino foi disparada durante tiroteio entre policiais do 41º Batalh�o da Pol�cia Militar e criminosos da comunidade. A per�cia foi feita no local, e a pol�cia civil apreendeu 15 armas dos policiais que participaram da opera��o.

Ap�s o enterro, familiares e amigos fizeram manifesta��o pac�fica em frente ao batalh�o respons�vel pela �rea da comunidade, e foram recebidos pelos policiais. Abalada, Jurema Rangel, m�e de Luiz Felipe, n�o quis gravar entrevista e desmaiou durante o enterro. A tia Sheila Silva, que mora pr�ximo � casa da m�e, disse quecorreu para tentar salv�-lo, mas quando chegou, Luiz Felipe j� estava morto.

 

"A m�e dele chegou em minha casa falando que tinham matado ele. Eu perguntei onde ele estava, e ela disse que estava dentro de casa. Eu corri para ver se socorria, mas quando cheguei ele j� estava morto", contou.

A outra tia do menino, Nair Rangel Barbosa, considerou a morte do sobrinho uma fatalidade. "Ele era uma crian�a linda. Foi uma fatalidade o que aconteceu, mas a gente pede justi�a. Que isso n�o fique impune. Como aconteceu com o meu sobrinho, pode acontecer com o meu filho. Eu estava trabalhando e quando cheguei n�o pude ver nada, a per�cia j� estava sendo feita", disse.

Amigos e parentes sa�ram do enterro e foram at� o batalh�o respons�vel pela opera��o que atingiu Luiz Felipe, e protestaram pacificamente. A rua foi fechada pelos policiais para garantir a seguran�a dos manifestantes. Em seguida, o subcomandante do batalh�o, tenente-coronel Luiz Carlos Garcia Baptista, recebeu o grupo no p�tio da unidade e conversou com m�es que perderam os filhos, na mesma situa��o, na comunidade, e com a fam�lia do menino Luiz Felipe.

De acordo com o oficial, n�o era uma opera��o policial. Segundo ele, foi feito um patrulhamento na regi�o e a Pol�cia Militar n�o disparou nenhum tiro. Ele explicou que quando a pol�cia entra na comunidade � com o intuito de reestabelecer a ordem. O patrulhamento seria para reprimir a a��o de bandidos que roubavam cargas na �rea do batalh�o.

"Quando n�s chegamos no batalh�o, seis meses atr�s, estava havendo roubos de carga dentro da �rea do batalh�o, ent�o n�s implantamos uma companhia e um policiamento na Pavuna. Parou de acontecer esse tipo de roubo dentro da �rea de responsabilidade do batalh�o, mas eles come�aram a roubar fora da �rea e levavam a carga para a comunidade da Quitanda. A gente conseguiu descobrir isso pelo GPS das viaturas das empresas que estavam sendo roubadas", explicou Garcia.

A opera��o de ontem, que resultou na morte de Luiz Felipe, tamb�m deixou duas pessoas feridas, sem gravidade. De acordo com Garcia, foi feito um cerco na Rua Imba�, e o carro blindado da pol�cia estava no local para fazer patrulhamento na Estrada de Botafogo. Segundo ele, o blindado era para coibir que a carga voltasse para l�. Segundo o subcomandante, toda vez que o blindado vai para o Morro da Quitanda, � recebido a tiros.

"Eu estava l�, e escutei v�rios disparos de arma de fogo, e n�o foram disparados por policiais. Eu apresento a voc�s as condol�ncias, os p�sames, em nome da Pol�cia Militar. A gente n�o quer esse resultado de jeito nenhum, n�s policiais tamb�m temos fam�lia, ent�o a gente n�o quer que isso aconte�a de jeito nenhum. Se a gente sente quando morre um policial nosso, que dir� uma crian�a. O nosso objetivo n�o � esse", explicou, acrescentando para as m�es que estiveram no batalh�o que qualquer pris�o, qualquer opera��o, n�o vale a vida dos filhos delas, e orientou os moradores a irem at� o batalh�o conversar e prestar queixas das opera��es em delegacias para ajudar o trabalho da pol�cia.

Garcia disse ainda que nenhum comandante quer que um policial proceda mal na rua, e ressaltou que n�o tem conhecimento nem informa��es suficientes para esclarecer o caso. Salientou que a vers�o dos moradores tem que ser ouvida, e a dos policiais tamb�m.

"O batalh�o n�o est� fazendo opera��o, principalmente por causa da Copa do Mundo. � uma ordem do comando da pol�cia. O que o blindado estava fazendo era um patrulhamento na Estrada de Botafogo. L� onde a crian�a foi alvejada n�o tem nem como o blindado chegar, n�o tem acesso".

Anailza Rodrigues da Silva, m�e de Bruna, de 10 anos, que tamb�m foi v�tima de uma bala perdida em um confronto na comunidade, em 2012, disse que o caso do menino foi parecido com o da filha dela, e relatou que � uma revolta muito grande ver esse tipo de coisa ocorrendo na comunidade.

"A minha filha estava em casa, e quando ela viu o Caveir�o, entrou para baixar o som, e quando voltou foi atingida por um tiro no abdomem. � uma revolta muito grande porque n�o parou na Bruna. Costa Barros continua perdendo v�timas de bala perdida. A gente quer mostrar para o Brasil, para o mundo, a realidade do que est� ocorrendo. A gente quer paz, n�o somos contra a opera��o. J� fizeram opera��es inteligentes, sem disparar um tiro, e eu at� admirei o trabalho da pol�cia, mas agora a gente n�o est� tendo paz. Quem est� nesta vida sabe que ou � preso ou � morto. Agora eu n�o criei minha filha, com o maior sacrif�cio, para vir uma bala perdida de fuzil e matar minha filha. A Bruna era linda, estudiosa, eu n�o criei minha filha para isso", disse.


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