Em vez de reduzir, o brasileiro produziu mais lixo em 2013. O aumento foi de 4,1% em rela��o ao ano anterior, o que representa quase 3 milh�es de toneladas a mais no ano. Tais n�meros n�o s� situam o Brasil na quinta posi��o entre os que mais produzem lixo no mundo - atr�s de Estados Unidos, China, Uni�o Europeia e Jap�o -, como confirmam que o Pa�s est� longe de atingir as metas estipuladas pela Pol�tica Nacional de Res�duos S�lidos, institu�da pela Lei 12.305, de agosto de 2010.
Na m�dia por habitante tamb�m houve alta, de 0,39%, segundo levantamento in�dito da Associa��o Brasileira de Empresas de Limpeza P�blica e Res�duos Especiais (Abrelpe). J� a coleta recuou. "Deixamos de coletar 10% de todo o lixo produzido. S�o cerca de 20 mil toneladas por dia que nem sequer foram para o lix�o. Acabaram jogadas em c�rregos ou no meio da rua", afirma o diretor-presidente da entidade, Carlos Silva.
Nem alguns dos lix�es mais emblem�ticos do Brasil foram fechados. O lix�o da Estrutural, a 16 quil�metros do Pal�cio do Planalto, em Bras�lia, est� na lista. Com 124 hectares, recebe diariamente 2.700 toneladas de lixo produzido pelos 2,8 milh�es de moradores do Distrito Federal.
S� em 2060
At� a lei ser cumprida, por�m, tanto o Estrutural quanto os demais lix�es presentes em 3.344 dos 5.570 munic�pios brasileiros continuar�o a receber milhares de toneladas de lixo por ano, contaminando o solo, o len�ol fre�tico e provocando danos � sa�de da popula��o. As Regi�es Norte e Nordeste s�o as que apresentam os piores �ndices. Em ambos os casos, mais de 75% dos munic�pios descartam o lixo de forma inadequada. Nesse ritmo, segundo a Abrelpe, os lix�es s� ter�o fim no Brasil em 2060.
"Ap�s quatro anos, os dados mostram que faltou vontade pol�tica. A instala��o de um aterro sanit�rio � complexa, mas d� para ser feita em dois ou tr�s anos", diz o presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana de S�o Paulo (Selur), Ariovaldo Caodaglio. No Estado, a situa��o est� quase controlada - no ano passado, somente 8,5% do lixo seguiu para lix�es.
J� o diretor comercial Alberto Fissore, da Estre - empresa especializada em servi�os ambientais -, defende a amplia��o do prazo para o fim dos lix�es no Pa�s. "Creio que quatro anos tenha sido pouco dentro da tradi��o brasileira de planejamento. O saneamento n�o � prioridade dos pol�ticos. A maior parte nem cita o tema. Acho que d� para estender por mais quatro anos. A�, sim, ser� tempo mais do que suficiente."
Oficialmente, o governo federal n�o se diz favor�vel � amplia��o do prazo por at� oito anos, mas tentar� impedir que os prefeitos que n�o cumpriram as metas sejam punidos com multas ou processos em pleno ano eleitoral. "Esta � a hora de pressionar. Essa discuss�o precisa ir para as ruas", diz Silva, da Abrelpe.