Sem chuva, �gua do Alto Tiet� s� dura mais 2 meses

Enquanto os governos federal e paulista discutem a explora��o de mais �gua do volume morto do Sistema Cantareira, o segundo maior manancial que abastece a Grande S�o Paulo caminha para o esgotamento, operando a pleno vapor e sem ter uma "reserva estrat�gica" no fundo de suas barragens. O Sistema Alto Tiet� atingiu ontem 8,5% da capacidade e, caso as chuvas n�o voltem com for�a, os reservat�rios podem secar completamente em menos de dois meses, antes da �gua do Cantareira.

Segundo a Companhia de Saneamento B�sico do Estado de S�o Paulo (Sabesp), o Alto Tiet� tem capacidade para 521 bilh�es de litros, atr�s apenas do Cantareira em volume m�ximo de armazenamento entre os seis sistemas que abastecem a Grande S�o Paulo. Isso significa que ontem as cinco barragens que formam o manancial localizado entre as cidades de Sales�polis e Suzano somavam 44,3 bilh�es de litros, quantidade que n�o chega � metade da segunda cota do volume morto do Cantareira, de 106 bilh�es de litros. H� um ano, o n�vel do Alto Tiet� era de 52,8%.

Embora tenha registrado um volume de chuvas abaixo da m�dia em quase todos os meses deste ano - a exce��o foi setembro -, a crise do Alto Tiet� foi agravada pela explora��o m�xima da capacidade do manancial em pleno per�odo de estiagem. Isso ocorreu porque, ao lado do Sistema Guarapiranga, o Alto Tiet� tem sido utilizado pela Sabesp desde janeiro para socorrer bairros da capital antes atendidos pelo Cantareira.

Hoje, segundo a Sabesp, cerca de 1 milh�o de pessoas que eram atendidas pelo Cantareira em bairros da zona leste da capital, como Aricanduva, Canga�ba, Penha, Sapopemba e Tatuap�, recebem �gua do Alto Tiet�, cuja �rea de cobertura saltou para mais de 4 milh�es de pessoas.

Esse "socorro" ao Cantareira s� foi poss�vel porque, em fevereiro deste ano, o Departamento de �guas e Energia El�trica de S�o Paulo (DAEE), �rg�o regulador dos mananciais paulistas, autorizou, em plena crise, o aumento de 10 mil para 15 mil litros por segundo a vaz�o m�xima para produ��o de �gua na esta��o de tratamento Taia�upeba, em Suzano.

Depois disso, a Sabesp tem operado o manancial pr�ximo da capacidade m�xima, enquanto o n�vel dos reservat�rios vem caindo diariamente.

O Minist�rio P�blico Estadual (MPE) investiga se a crise no Alto Tiet� est� relacionada a uma suposta superexplora��o dos reservat�rios do manancial. Em junho, o Estado revelou que o n�vel de armazenamento das represas do Alto Tiet� caiu em uma velocidade maior que a do Cantareira.

� �poca, a Sabesp negou que houvesse crise no manancial. Em julho, contudo, a empresa divulgou que havia feito estudos para captar �gua do volume morto do Alto Tiet�. "Caso seja necess�rio, o levantamento mostra que a partir de agosto a companhia poder� acessar 10 bilh�es de litros da represa Biritiba-Mirim. E a partir de novembro poder�o ser captados 15 bilh�es de litros da Represa Jundia�", informou a Sabesp.

Negativa

No m�s passado, contudo, o secret�rio estadual de Saneamento e Recursos H�dricos, Mauro Arce, negou que houvesse �gua abaixo do n�vel das comportas nas represas do Alto Tiet�, como ocorre no Cantareira. "N�o tem volume morto l� para ser utilizado", disse Arce. "O que n�s fizemos foi alargar a passagem de um reservat�rio para o outro. Mas isso est� pronto, n�o tem mais nada al�m disso", completou.

A obra descrita pelo secret�rio foi o rompimento de um dique para alargar a passagem de �gua entre as Represas Biritiba-Mirim e Jundia�, em Mogi das Cruzes, para que um volume maior de �gua chegue � Represa Taia�upeba, em Suzano, onde fica a esta��o de tratamento de �gua da Sabesp. Al�m disso, a companhia tamb�m contratou uma empresa para provocar chuva artificial sobre as represas da regi�o, com o bombardeio de nuvens. A pr�tica tamb�m ocorre no Cantareira.