Flanelinha cobra R$ 150 por estacionamento em via de SP

S�o Paulo, 05 - Problema frequente na rotina de motoristas, encontrar um lugar para estacionar o carro sem pagar uma fortuna n�o � das tarefas mais f�ceis em S�o Paulo. Em algumas ruas pr�ximas � Avenida Faria Lima, no Jardim Europa, zona sul, at� mesmo deixar o carro na rua tem sa�do caro. A regi�o � um dos principais centros financeiros da capital paulista.

Nas ruas ao redor da Pra�a Buritama, pr�ximas ao Shopping Iguatemi, um grupo de flanelinhas tomou conta das vias p�blicas e cobra R$ 150 por m�s aos interessados em estacionar por ali. O pacote mensal em um estacionamento regularizado na mesma �rea sai em torno de R$ 500.

O "dono da rua" na regi�o e comandante do grupo de "manobristas" � Reginaldo, um homem de estatura m�dia, pardo. Ele tem cerca de 40 anos, cabelo grisalho e usa �culos. Abordado pela reportagem na manh� da ter�a-feira, 4, Reginaldo n�o quis falar sobre o seu neg�cio. Disse apenas que "n�o havia mais vagas".

Um dos "manobristas", o filho de Reginaldo, por�m, explica que a mensalidade deve ser paga adiantada e que o motorista precisa deixar a chave do carro. Segundo ele, como as ruas est�o dentro da �rea de Zona Azul, o grupo desloca os carros para diferentes vagas na pr�pria Pra�a e nas Ruas Ant�nio Jos� da Silva e Salvador Mendon�a, evitando que a Companhia de Engenharia de Tr�fego (CET) fa�a autua��es. Quando n�o h� como deslocar o carro para outra vaga, recorrem aos cart�es da Zona Azul.

Para coibir que pessoas de fora do esquema se aproveitem das vagas nas vias, o grupo utiliza cones e cavaletes de campanha pol�tica para bloquear os espa�os.

Viol�ncia

Testemunhas que trabalham na regi�o e preferiram n�o se identificar afirmam que o grupo age com viol�ncia para intimidar quem para nas vagas sem pagar. Carros riscados e vidros quebrados fazem parte do repert�rio, segundo as testemunhas.

Mesmo quem paga em dia n�o tem garantias e pode ter percal�os com o "servi�o" oferecido por Reginaldo. Uma das mensalistas conta que j� precisou deixar o carro na rua e voltar de carona porque a chave do seu carro havia se perdido.

As testemunhas afirmam que denunciaram �s autoridades a a��o do grupo, mas nada mudou. Em nota, a CET respondeu que a atividade dos flanelinhas n�o configura uma infra��o de tr�nsito, por isso nada pode fazer al�m de repassar os relatos para a pol�cia.

Quanto aos cavaletes e cones bloqueando vagas, o �rg�o afirma que seus agentes t�m a orienta��o de retir�-los quando encontram. J� a Secretaria de Seguran�a P�blica de S�o Paulo afirma que aumentou o policiamento em ruas da regi�o em que houve den�ncias de atua��o abusiva de flanelinhas e que "se as v�timas tivessem comparecido � delegacia, teria sido poss�vel, dependendo do caso, o registro do crime de extors�o".

Pedir dinheiro para "cuidar" de um ve�culo n�o � considerado contraven��o segundo decis�o do Supremo Tribunal Federal de mar�o de 2013, uma vez que fica a crit�rio do motorista a decis�o de pagar ou n�o. Por�m, h� casos que podem ser enquadrados no Artigo 158 do C�digo Penal, cujo texto diz que "constranger algu�m, mediante viol�ncia ou grave amea�a, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econ�mica, a fazer, tolerar que se fa�a ou deixar fazer alguma coisa" caracteriza crime de extors�o, que deve ser punido com multa e reclus�o de quatro a dez anos.