S�o Paulo, 08 - A morte do universit�rio Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, em uma festa em Bauru, no s�bado passado, ap�s a ingest�o de 25 doses de vodca, n�o � uma situa��o t�o incomum no Pa�s. Dados levantados pelo jornal O Estado de S. Paulo no portal Datasus mostram que, a cada 36 horas, um jovem brasileiro morre de intoxica��o aguda por �lcool ou de outra complica��o decorrente do consumo exagerado de bebida alco�lica.
Considerando todas as faixas et�rias, o n�mero de mortes causadas pelo �lcool chegou a 6.944 em 2012, quase o dobro do registrado em 1996, dado mais antigo dispon�vel na base Datasus. Naquele ano, foram 3.973 �bitos associados ao consumo exagerado de bebida. No per�odo, a alta no n�mero de mortes foi de 74%.
De acordo com especialistas, o n�mero de mortes associadas ao �lcool deve ser ainda maior se computadas as causas secund�rias, como doen�as provocadas pelo consumo por um longo per�odo de tempo ou viol�ncia associada � ingest�o da bebida. "Se considerados problemas como cirrose hep�tica ou acidentes causados por embriaguez, por exemplo, esse dado sobe", diz Deborah Malta, diretora do Departamento de Vigil�ncia de Doen�as e Agravos N�o Transmiss�veis do Minist�rio da Sa�de.
Pesquisadora do Instituto Nacional de Pol�ticas P�blicas do �lcool e Outras Drogas da Universidade Federal de S�o Paulo (Inpad/Unifesp), Clarice Madruga afirma que o consumo excessivo de �lcool em todas as faixas et�rias v�m crescendo nos �ltimos anos. Pesquisa da Unifesp mostra que, entre os brasileiros que consomem �lcool, o h�bito chamado de "beber em binge", quando h� ingest�o de pelo menos cinco doses de bebida em um per�odo de duas horas, cresceu de 45%, em 2006, para 59%, em 2012.
"E esse abuso � mais comum entre jovens, porque nessa faixa et�ria � realmente mais dif�cil controlar os impulsos. Por isso n�o se pode culpar a v�tima ou os pais. � preciso que o poder p�blico intervenha na venda de bebida", defende ela.
A especialista explica que o consumo exagerado de �lcool, quando n�o chega ao ponto de levar � morte, est� associado a uma s�rie de problemas f�sicos e ps�quicos. "No caso da intoxica��o, � uma rela��o simples. O �lcool em excesso paralisa o sistema nervoso e, se a pessoa entrar em coma alco�lico e n�o tiver o devido cuidado, pode sofrer a parada cardiorrespirat�ria. Al�m disso, o �lcool causa doen�as no f�gado, perda cognitiva e ainda pode desencadear de forma mais r�pida e mais severa doen�as como a depress�o e o transtorno de ansiedade."
Estudante de Constru��o Civil em uma faculdade da capital paulista, J., de 19 anos, diz que o f�cil acesso � bebida colabora para o consumo exagerado. "Eu mesmo estava tentando beber menos, mas, quando entrei na faculdade, no in�cio do ano, era muita bebida. Os veteranos passavam com as garrafas e ofereciam, a� n�o tem como n�o beber", conta ele, que come�ou a consumir bebida alco�lica aos 14 anos.
Para Clarice, "a situa��o n�o vai mudar enquanto o governo n�o sobretaxar a ind�stria e proibir situa��es como o patroc�nio de empresas cervejeiras a festas universit�rias". A representante do minist�rio diz que o governo tem feito a��es de monitoramento e preven��o do uso de �lcool e que o governo apoia projetos de lei que dificultam o acesso � bebida. "Esperamos que a lei que criminaliza a venda de bebida para menores de idade entre em vigor o mais r�pido poss�vel", diz Deborah. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.