Na capital e no interior paulista n�o faltam relatos chocantes da epidemia. "Em casa, s� o cachorro e o passarinho n�o pegaram dengue", conta o borracheiro Cl�ber Elias Pereira, de 39 anos. Ele mora no Jardim Novo Mundo, em Votorantim, no limite com Sorocaba. A regi�o � uma das mais infestadas pelo mosquito na cidade, com 1.736 casos confirmados da doen�a.
Na casa de Pereira, a doen�a pegou primeiro o sogro dele; em seguida, a mulher, Vanessa; e a m�e dela, dona Cl�udia. "Depois, foram meus dois filhos, o Cleyson e a Kelly, e agora chegou a minha vez", disse, enquanto esperava atendimento em Sorocaba na sexta-feira.
No hospital, as hist�rias assustam. De tanto tomar "banho" de repelente, para evitar uma nova infec��o por dengue, a empres�ria Delmira Aparecida Vaz, de 39 anos, adquiriu uma forte alergia pulmonar. "� s� uma das sequelas da doen�a que me derrubou", disse.
Ela ficou 20 dias sofrendo, dez deles na cama. "Tive febre alta constante, muita dor de cabe�a, s� n�o apareceram, felizmente, as dores nas articula��es."
Capital
Em locais mais atingidos, h� at� um certo conformismo. Quando o servidor p�blico Edson Mano, de 29 anos, recebeu na quarta-feira o diagn�stico de dengue, ele n�o podia dizer que estava surpreso. Na casa onde mora com outros sete familiares, cinco j� haviam pegado a doen�a. Ele foi o sexto. "N�o tem rem�dio", relata a m�e dele, Solange Giannetti, de 56 anos. "Todo mundo est� com medo de pegar de novo."
Anteontem, Mano j� apresentava sinais de melhora. "Foram cinco ou sem dias de cama, com febre alta e dor no corpo todo. Quando me mexia, do�a tudo."
O servidor p�blico mora na �rea em que a Prefeitura de S�o Paulo registrou mais casos de dengue na capital: Brasil�ndia, zona norte. O �ndice de infec��o dos habitantes de l� j� � considerado epid�mico, com 899 casos por 100 mil habitantes.
Mano suspeita ter contra�do dengue por descuido de alguns vizinhos, pouco preocupados em evitar �gua parada. Da fam�lia, apenas dois escaparam do mosquito. "Foi por pura sorte", brincou.
No Jaragu�, outro distrito que sofre com a epidemia, a fam�lia da auxiliar administrativa K�tia Dias, de 53 anos, abandonou at� os pratinhos de plantas para n�o acumular �gua. Pouco adiantou. Ela, um neto de 11 anos e o genro contra�ram a doen�a. A suspeita � que haja focos de dengue em um ferro-velho, no terreno vizinho.
"Senti muita �nsia de v�mito, n�o conseguia ficar em p�", conta. Hoje, o receio � que duas crian�as da casa, uma menina de 3 anos e um menino de 6, sejam picados pelo mosquito. No caso do garoto, a doen�a o for�aria a abrir m�o de um rem�dio usado para tratar bronquite, contraindicado em casos de suspeita de dengue. (Colaborou Felipe Resk)