O residente em neurocirurgia Roberto Oberg, de 33 anos, foi quem prestou os primeiros socorros ao m�dico Jaime Gold, esfaqueado num assalto na Lagoa Rodrigo de Freitas, na noite desta ter�a-feira, 19. Oberg contou que estava correndo havia 20 minutos quando encontrou Gold bastante ensanguentado, apoiado em um arbusto, enquanto pessoas � volta dele pediam socorro e chamavam a pol�cia.
"Estava correndo pr�ximo ao Clube de Remo do Botafogo e vi umas senhoras berrando, levantando os bra�os. Quando cheguei mais perto, vi uma pessoa apoiada no arbusto. E via a cena de sangue escorrendo no ch�o. Me identifiquei como m�dico. Ele disse que tamb�m era m�dico e que foi v�tima de assalto", contou o residente, em entrevista � R�dio CBN.
Oberg disse que deitou Gold no ch�o e tentou estancar o sangue. O m�dico foi perdendo a consci�ncia. "Ele tinha ferimento na axila e o principal era no abd�men, do lado esquerdo, de onde sa�a uma v�scera que n�o foi poss�vel identificar. S� deu para tentar estancar o sangue e chamar ajuda", contou. Logo depois, os bombeiros chegaram e assumiram o atendimento. De acordo com o residente, o clima na Lagoa era de desespero. "Algumas pessoas gritavam, outras pediam socorro. Chamavam a pol�cia."
Gold foi levado para o Hospital Miguel Couto, na G�vea, tamb�m na zona sul, onde foi submetido a cirurgia, mas n�o resistiu.
Suspeitos
Dois adolescentes, aparentando ter por volta de 16 anos, s�o os suspeitos do crime. Um frentista de um posto de gasolina da regi�o que presenciou o crime prestou depoimento � Pol�cia Civil e afirmou que os assaltantes estavam de bicicleta e fugiram em dire��o ao t�nel Rebou�as, que liga a zona sul � zona norte da cidade.
Os dois nem chegaram a render o homem para roub�-lo: de pronto, esfaquearam a v�tima utilizando uma "faca enorme", na descri��o da testemunha, e depois roubaram o celular do m�dico. Os investigadores da Pol�cia Civil acreditam que os dois tenham vindo de comunidades da zona sul, j� que chegaram e fugiram de bicicleta, um indicativo de que n�o iriam para longe.
A Pol�cia Civil tenta agora localizar imagens de c�meras de seguran�a do local do crime, que ocorreu por volta de 19h na esquina entre a Avenida Epit�cio Pessoa e Rua Tabatinguera, e tamb�m o c�digo IMEI do celular da v�tima, que pode ajudar a localizar os dois adolescentes que praticaram o assalto.
A dire��o do Hospital Universit�rio Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lamentou em nota a morte de Gold, descrito como "grande profissional da unidade hospitalar", onde trabalhava havia 26 anos.
'Enxugar gelo'
Na manh� de hoje, o presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria de Hot�is do Rio (ABIH-RJ) e do Rio Convention & Visitors Bureau (Rio CVB), Alfredo Lopes, divulgou uma nota de pesar pela morte do cardiologista, destacou o preju�zo ao turismo causado pela viol�ncia e disse que turistas estrangeiros voltaram a ser alertados pelos consulados sobre a falta de seguran�a na cidade.
Tamb�m pediu mudan�a na legisla��o a fim de dificultar a libera��o de pessoas detidas pela pol�cia.
"Lamentavelmente, a viol�ncia voltou a fazer parte da nossa rotina. Voltamos � fase de alertas aos visitantes e epis�dios envolvendo os consulados, tendo a falta de seguran�a como foco", disse Lopes, que citou casos recentes de moradores e turistas atingidos por facadas.
Ele disse esperar obviamente pulso firme das autoridades de seguran�a. "O que vemos � um trabalho de 'enxugar gelo' na deten��o de delinquentes que precisam ser liberados porque a pol�cia n�o tem respaldo jur�dico para mant�-los detidos. � uma covardia continuarmos cobrando da pol�cia, estrutura do Poder Executivo, uma rea��o que n�o conta com o devido apoio dos Poderes Legislativo e Judici�rio", disse o presidente da ABIH.