S�o Paulo, 15 - "Estou vivo por um milagre de Deus." A rea��o � de um sobrevivente do ataque na Rua Professor Sud Menucci, em Helena Maria, em Osasco. Apenas ele e a v�tima, o adolescente Rodrigo Lima da Silva, de 16 anos, estavam no local, uma lanchonete, no momento do crime.
Testemunhas relatam que, por volta das 20h50, um ve�culo prata parou ao lado da cal�ada. Um homem, com o rosto coberto por um capuz, desceu. Outro criminoso ficou a postos no volante para garantir a fuga. Nessa hora, o com�rcio estava quase vazio. Rodrigo estava em uma cadeira, de frente para a rua.
Dentro da lanchonete, o sobrevivente viu tudo. "O homem olhou para ele de cima a baixo, com a m�o escondida na cintura. Como quem diz 'esse aqui vai', s� puxou a arma e atirou", conta. Dois disparos acertariam Silva: um no olho, o outro na boca. A a��o foi r�pida. Nenhuma palavra foi dita antes dos tiros. O corpo da v�tima ficou esparramado de bru�os at� a manh� do dia seguinte.
Tomado pelo susto, a rea��o do sobrevivente foi levantar as m�os e virar de costas. Um sinal de que n�o queria identificar o assassino. Por causa da adrenalina, restaram na mem�ria apenas flashes do ocorrido. Uma das cenas, lembra, foi quando o criminoso apontou a arma na sua dire��o, com o bra�o ligeiramente envergado, como quem vai atirar. O dedo, diz, encostou no gatilho, mas o disparo n�o veio. "Eu vi a morte na minha frente."
A v�tima era o ca�ula de seis irm�os e costumava frequentar a lanchonete, onde, segundo familiares, jogava fliperama e tomava sorvete. "Ele nunca deu problema com a pol�cia, gostava de ficar em casa com a mulher, que est� gr�vida de tr�s meses", afirma a empregada dom�stica Viviane de Lima, de 27 anos, irm� de Rodrigo.
Rodrigo morava em uma rua pr�xima e costumava se locomover de bicicleta. No dia em que foi morto, esperava passar um caminh�o pela rua para pegar uma carona. Quando o corpo foi recolhido pelo servi�o funer�rio, a m�e dele passou mal e precisou ser levada para um hospital.
A menos de dois quil�metros dali, aconteceria o maior dos ataques registrados em s�rie. Em um bar localizado na Rua Ant�nio Benedito Ferreira, em Munhoz Junior, j� no limite com Barueri, as pessoas foram surpreendidas por dois carros e uma motocicleta. Ao menos tr�s criminosos desceram do ve�culo, tamb�m encapuzados, e balearam dez pessoas. Apenas duas sobreviveram.
Oito mortos
Ainda em choque, um morador da regi�o conta que, por muito pouco, tamb�m n�o se tornou uma das v�timas. "Eu estava no bar pouco antes de tudo acontecer. Estavam todos bebendo e jogando", diz. Segundo testemunhas, funcionavam m�quinas ca�a-n�quel no estabelecimento.
Minutos antes de o local ser invadido, ele resolveu beber em um bar ao lado, que estava vazio. Pouco depois, s� ouviria o barulho dos disparos. "Foram v�rios tiros, com certeza mais de 30", disse.
Em meio aos disparos no bar vizinho, ele e o dono do estabelecimento correram para a entrada para descer o port�o de ferro. Depois, os dois se esconderam atr�s de caixas de cerveja, deitados no ch�o.
Segundo conta, a a��o dos bandidos durou cerca de dez minutos. "A gente s� abriu o port�o porque ouviu pessoas que chegavam e come�avam a chorar e a gritar. J� estavam todos mortos no bar. Pegaram gente l� no fundo, queriam limpar mesmo", conta. "Nunca aconteceu isso aqui."
Outro morador tamb�m escapou por pouco. "Eu estava com vontade de tomar um lanche, ent�o fui at� o bar", diz. No local, comprou p�o e refrigerante, depois seguiu para casa.
Ele estava a menos de 15 metros do estabelecimento quando criminosos pararam o carro. "Foi tudo muito r�pido, quest�es de segundos." Ao perceber que os bandidos estavam atirando, o morador largou as sacolas na cal�ada e saiu correndo. Entre as v�timas, estava um tio dele, que, b�bado, dormia na mesa do bar ao ser baleado. Ele ainda est� no hospital. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.