S�o Paulo, 26 - No ano em que a men��o ao combate � desigualdade entre homens e mulheres foi retirada de v�rios planos municipais e estaduais de educa��o, a persist�ncia da viol�ncia contra a mulher no Pa�s foi o tema da reda��o do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), realizado neste domingo, 25. A proposta, para especialistas, sinaliza a import�ncia de tratar o assunto, tanto na educa��o b�sica quanto na universidade.
Para escrever o texto, os candidatos contaram com uma colet�nea de dados que evidenciava a viol�ncia de g�nero no Pa�s. "Esse tema (viol�ncia contra a mulher) precisa ser debatido na escola. Queremos que os jovens melhorem a sociedade e que exista uma supera��o geracional do machismo. Para isso, eles precisam debater o assunto", defende Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito � Educa��o.
Em v�rios planos de educa��o, como o da cidade de S�o Paulo, metas sobre o combate � desigualdade de g�nero e a discuss�o sobre sexualidade nas escolas foram exclu�das ap�s press�o de grupos conservadores e lideran�as religiosas. J� a proposta de curr�culo nacional para a educa��o b�sica, apresentada pelo Minist�rio da Educa��o (MEC) e ainda em consulta p�blica, tem refer�ncias ao tema. "O debate sobre igualdade de g�nero deve ser uma pol�tica de Estado, independente de partidos", diz Cara.
Anteontem, a prova de Ci�ncias Humanas j� havia causado pol�mica com uma quest�o sobre feminismo. A pergunta vinha acompanhada de um texto da fil�sofa francesa Simone de Beauvoir. Entre os cr�ticos, estavam os deputados federais Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Feliciano afirmou, em uma rede social, que essa era uma tentativa de "impingir a teoria de g�nero goela abaixo", o que foi rebatido por internautas.
O ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, defendeu a abordagem do tema na prova. "As pessoas podem divergir, mas na Educa��o � preciso estar aberto a refletir, discutir."
Dificuldade
Para candidatos e professores, a proposta de reda��o foi mais f�cil do que nos anos anteriores. A ampla divulga��o do assunto na m�dia, dizem, facilita. "Apesar de n�o ter feito texto na escola sobre isso, soube falar, porque na m�dia sempre tratam da viol�ncia contra a mulher, mostram hist�rias e protestos feministas", disse Lucas Soares, de 17 anos, que fez a prova na capital paulista e quer cursar Engenharia.
Luiza Abreu, de 18 anos, "adorou" o tema. "N�s, mulheres, enfrentamos viol�ncia quase todos os dias. N�o s� sabemos falar sobre isso como tamb�m defender que esse tema seja mais debatido", diz ela, tamb�m de S�o Paulo, que quer Direito.
Professora de reda��o do Objetivo, Maria Aparecida Cust�dio v� na Reda��o a tarefa mais f�cil neste ano. "O candidato encontrou dificuldade bem menor do que em 2014 (quando se falou de publicidade infantil). Ano passado, ele podia se posicionar a favor ou contra", diz.
Eduardo Calbucci, do Anglo, tamb�m acredita que a dificuldade foi menor do que nos tr�s anos anteriores. "� um assunto mais palp�vel." Diferentemente de outros vestibulares, o Enem ainda exige que o candidato apresente solu��es para o tema proposto. A nega��o do cen�rio de viol�ncia, alerta Calbucci, pode mostrar um candidato "descolado da realidade".
Mesmo assim, houve alguns na dire��o contr�ria. "� uma falta de respeito com os homens, porque trata a mulher como v�tima, quando o problema, na verdade, � dela pr�pria", disse Hugues Maraues, de 55 anos, que fez a prova em Porto Alegre.
"Elas s� querem saber de homem rico", completa ele, que j� foi enquadrado por viol�ncia contra a mulher na Lei Maria da Penha, tamb�m citada na prova. Ele diz ter defendido seu ponto de vista no texto.
Outras provas
Segundo professores, a prova de Linguagens teve enunciados longos, o que deixa o teste mais trabalhoso. Houve refer�ncias a autores cl�ssicos, como Graciliano Ramos e Olavo Bilac, e a m�sicos, como Pixinguinha e Toquinho.
J� a parte de Matem�tica teve n�vel alto, com exig�ncia de c�lculos mais complexos do que nos outros anos e at� com temas menos comuns no Enem, como logaritmo. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.