S�o Paulo, 01/11/2015, 01 - O historiador e arquiteto Paulo Rezzutti conduzia um grupo de estudantes em tour pelo centro de S�o Paulo na semana passada. Na parada para visitar o Solar da Marquesa, casa-museu que, no s�culo 19, foi endere�o da mais famosa amante de d. Pedro I, Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, uma triste surpresa: n�o havia mais nada ali, nenhum objeto, que remetesse � moradora.
O epis�dio � um dos exemplos de como S�o Paulo trata mal a mem�ria do per�odo imperial - �poca da qual Rezzutti, membro titular do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de S�o Paulo, � especialista. Administrados por diferentes �rg�os, Solar da Marquesa, cripta imperial e Museu Paulista, todos elementos contadores de parte dessa hist�ria brasileira, passam por problemas.
�H� por aqui uma mania acad�mica de se fazer o desmonte da hist�ria em favor daquela que se quer bem contada�, avalia o historiador e arquiteto, autor tamb�m de D. Pedro - A Hist�ria N�o Contada (Ed. LeYa, 464 p�gs.). �A exposi��o que havia com itens da Marquesa foi desativada�, critica. �E n�o h� explica��o sobre os antigos moradores da casa, nada.� Ele tamb�m reclama que, mesmo tendo sido restaurada �h� t�o pouco tempo�, a casa j� d� mostra de deteriora��o em pontos como os batentes das janelas.
As cr�ticas s�o endossadas por outro historiador, professor da Universidade de S�o Paulo (USP), que pediu para n�o ser identificado. �Antes, havia uma exposi��o ali sobre a Marquesa. Agora, a casa parece ter perdido sua voca��o, est� sem foco�, comenta.
De novembro de 2011 at� a �ltima semana, objetos que pertenceram a Domitila e que s�o do acervo do Museu Paulista, da USP, estiveram emprestados ao Solar. O motivo da solicita��o: o vencimento da ap�lice de seguro, condicionante do empr�stimo.
Mais casos
Esse n�o � o �nico exemplo de descaso. H� tamb�m a cripta imperial, monumento localizado no Parque da Independ�ncia, no Ipiranga, zona sul, onde est�o sepultados o primeiro imperador do Brasil, d. Pedro I, e suas duas mulheres, Leopoldina e Am�lia. Ali, o painel externo, de bronze, est� deteriorado, assim como o conjunto denominado Monumento � Independ�ncia. No mesmo local, a r�plica da primeira Constitui��o brasileira, de 1824, feita de bronze, que ficava em cima do sarc�fago onde est�o os restos mortais, foi furtada.
Questionada pelo Estado, a Prefeitura informou, em nota, que, no caso da cripta, �o Departamento do Patrim�nio Hist�rico (DPH) vem formulando uma proposta global para tratamento do Monumento � Independ�ncia�. O �ltimo restauro ali ocorreu entre 2005 e 2006, com patroc�nio da iniciativa privada.
No ano passado, o DPH fez a contrata��o, por R$ 160 mil, do restaurador franc�s Antoine Amarger, o que resultou na elabora��o do projeto executivo de todo o complexo. �Inicialmente, ser� priorizado o restauro do painel externo de bronze, em alto relevo, que reproduz o quadro Independ�ncia ou Morte, de Pedro Am�rico�, informa a Prefeitura, ressaltando que a recupera��o do painel custar� cerca de R$ 1,1 milh�o.
Guardi�o de boa parte desse passado, o Museu Paulista - mais conhecido como Museu do Ipiranga - est� fechado ao p�blico desde agosto de 2013, por causa de problemas de deteriora��o em seu pr�dio-sede. N�o h� previs�o de reabertura. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S.Paulo
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Solar da marquesa devolve bens de Domitila � USP
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