
“Com essas nove aldeias, trabalhamos o viveirismo, que envolve interc�mbio de sementes e mudas, entre as aldeias, e aquisi��o de mudas. Levantamos 90 esp�cies principais usadas na medicina, no artesanato, na confec��o de casas, na alimenta��o. Com elas, a gente recuperou mais de 70 hectares. Reconvertemos mais de 30 hectares de agroflorestas, ro�as tradicionais, com alimentos, frutas nativas”, disse Denise Wolf, presidenta da organiza��o n�o governamental (ONG) Instituto de Estudos Culturais e Ambientais (Iecam), respons�vel pela execu��o do projeto.
Ao longo desses quatro anos, o projeto promoveu mais de 90 atividades de educa��o ambiental, oficinas, reuni�es entre as aldeias e equipes t�cnicas ind�genas e n�o ind�genas. “� um balan�o bem positivo. Muito trabalho”, comentou a presidenta da ONG.
O projeto mapeou at� agora mais de 3 mil hectares do territ�rio guarani, somando as nove aldeias pesquisadas. O plantio das mudas nativas contribuiu para reduzir as emiss�es de gases de efeito estufa (GEE). “N�s zeramos, e ficamos com um saldo positivo de mais de 37 mil toneladas de g�s carb�nico (CO2)”. O projeto foi certificado com o selo Emiss�o Zero ou Carbono Zero. N�o h� interesse, por�m, de colocar esse saldo no mercado de cr�dito de carbono, assegurou Denise. “N�s quisermos inventariar para saber o que a gente emite e o que as nossas a��es captam das emiss�es de gases."
O instituto est�, no momento, concluindo a segunda fase do projeto. Foi ampliado o primeiro viveiro de mudas e constru�do um segundo viveiro, onde est�o cultivadas 20 mil mudas de plantas da Mata Atl�ntica. "A continuidade do projeto depende de renova��o do patroc�nio do Programa Petrobras Socioambiental", disse Denise. Segundo ela, h� mais aldeias guaranis interessadas em participar das a��es, nos estados de Santa Catarina e Paran�. “A nossa ideia agora � sair de um projeto estadual para um regional, para ter mais interc�mbio entre as aldeias em toda a Regi�o Sul, tanto para a troca de mudas e sementes, saberes, encontros, educa��o ambiental, todas as atividades. Queremos engajar outras aldeias no projeto”.
No Rio Grande do Sul, existem atualmente 25 aldeias guaranis, e, incluindo os acampamentos, o n�mero passa para 40, segundo afirmou. Considerando o litoral do Rio Grande do Sul at� o Esp�rito Santo, o n�mero de aldeias guaranis ultrapassa 100.
Esse � o primeiro grande projeto da ONG na �rea ambiental, disse, uma vez que os guaranis conservam intacto mais de 90% do seu territ�rio. “Tirando a �rea onde eles constroem as habita��es e as ro�as familiares, eles preservam as florestas. E sabem quando coletar as sementes, quando podem pegar determinado ramo de �rvore para fazer uma pe�a artesanal. Eles t�m um dom�nio sobre o ambiente natural, porque tudo � sagrado para eles. A rela��o � muito respeitosa com o ambiente natural”. Esse � um legado positivo que fica para todas as outras gera��es, indicou Denise.
Os guaranis vivem das culturas de subsist�ncia, da pesca e do artesanato. Mais de 2 mil estudantes e professores da rede p�blica de ensino do entorno, al�m de 3 mil visitantes, foram beneficiados pelas a��es de educa��o ambiental do projeto.