Preocupados com o prov�vel avan�o do zika v�rus em S�o Paulo, cientistas paulistas organizaram uma for�a-tarefa sem precedentes, envolvendo pelo menos 25 laborat�rios de v�rias partes do Estado, com o objetivo de investigar diferentes aspectos relacionados � doen�a. O esfor�o, que re�ne um batalh�o de cerca de 300 pesquisadores, contar� com a participa��o de virologistas do Instituto Pasteur de Dacar, no Senegal. Eles v�o treinar os cientistas brasileiros para aplicar, nos estudos sobre a nova doen�a, uma t�cnica inovadora usada na �frica contra o Ebola.
De acordo com Zanotto, s� foi poss�vel montar a for�a-tarefa em tempo recorde gra�as a investimentos em infraestrutura cient�fica feitos nos �ltimos anos pelo Estado de S�o Paulo. A Funda��o de Amparo � Pesquisa (Fapesp) investiu R$ 12 milh�es no setor entre 2000 e 2005. “Gra�as a isso, conseguimos organizar, com agilidade, um grupo enorme e extremamente qualificado de cientistas com uma boa estrutura para trabalhar.” Para economizar tempo no levantamento de recursos, a rede dever� contar com aditivos da Fapesp para projetos de pesquisa j� existentes nos laborat�rios participantes, evitando assim os tr�mites para a aprova��o de uma nova proposta.
O pr�ximo passo inclui o convite a um grupo de cientistas liderado por Amadou Sall, diretor cient�fico do Instituto Pasteur, de Dacar, no Senegal, que trar� a S�o Paulo, em janeiro a metodologia “lab in a suitcase” (laborat�rio em uma mala), usada no combate ao ebola. Segundo Zanotto, para estudar o v�rus � preciso isol�-lo, o que � muito dif�cil de fazer a partir do organismo humano. “Com esse recurso, poderemos isolar o v�rus diretamente no mosquito. Esse m�todo foi muito �til para isolar o v�rus do ebola dos pacientes em campo, na �frica. Com ele, vamos coletar o mosquito no ambiente, saber - em 15 minutos - se tem o v�rus e lev�-lo para o laborat�rio para isol�-lo e estud�-lo.”
Frentes
O ataque � zika j� � feito em v�rias frentes, por equipes de especialistas lideradas por 28 cientistas. O bi�logo Jos� Eduardo Levi, por exemplo, estudar� a transmiss�o de zika por transfus�o de sangue, no Laborat�rio de Biologia Molecular do Hemocentro de S�o Paulo “H� muitas coisas que desconhecemos, mas um dos aspectos mais urgentes � sermos capazes de testar o sangue que ser� usado para transfus�o em mulheres gr�vidas”, disse ele.
Segundo Levi, os casos de microcefalia tornam as gestantes o grupo mais vulner�vel. “Alguns v�rus, como o da dengue, s�o h� anos transmitidos via transfus�o, mas n�o causam a doen�a no receptor. Mas com outros v�rus � diferente e n�o se sabe como funciona no caso do zika. Por isso � preciso ter um teste para os doadores”, explicou. No Laborat�rio de Virologia do Instituto de Medicina Tropical da USP, chefiado por Clarisse Machado, Levi ajudar� a fazer uma retrospectiva de casos suspeitos de dengue, em crian�as de Araraquara (SP), nas quais foi descartado o diagn�stico da doen�a.
Em Ribeir�o Preto, no Centro de Pesquisa em Virologia da Faculdade de Medicina da USP, Tadeu Figueiredo vai liderar uma grande equipe que observar� gestantes com suspeita de zika. “As m�es ser�o encaminhadas para o nosso ambulat�rio, faremos todos os testes necess�rios nelas e nos beb�s e continuaremos acompanhando ambos por ao menos tr�s anos. Vamos estudar esses casos a fundo”, disse.
Circula��o
Outros cientistas, como Jos� Luis M�dena, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), trabalhar�o para compreender o padr�o de circula��o do v�rus na regi�o de Campinas. “A ideia � analisar pacientes que chegam ao Hospital das Cl�nicas com quadro febril e suspeita de dengue e fazermos testes moleculares para detectar o v�rus. A partir desse material, faremos diferentes estudos”, explicou.
Analisando o sangue dos pacientes com zika, a equipe de M�dena poder�, por exemplo, descobrir se caracter�sticas gen�ticas causam uma resposta mais grave. “Al�m de um banco de soro que poder� gerar muitos desses estudos, vamos fazer uma biblioteca de c�lulas de defesa do sangue, que nos ajudar� a identificar anticorpos espec�ficos contra zika.”
Anticorpos
O imunologista Eduardo Silveira, da Faculdade de Ci�ncias Farmac�uticas da USP, estudar� a resposta de c�lulas do sistema imunol�gico ao v�rus. “A proposta � descobrir quantas delas aparecem na corrente sangu�nea com a infec��o e quantas delas atuam contra o zika. Isso nos permitir�, mais tarde, isolar essas c�lulas e us�-la na produ��o de anticorpos”, afirmou Silveira.