S�o Paulo, 15 - Especialistas da �rea de toxicologia dizem que os moradores do Guaruj�, no litoral paulista, n�o precisam se desesperar com o vazamento de g�s seguido de inc�ndio que atingiu na tarde dessa quinta, 14, um terminal de cargas empresarial no Guaruj� e, com base nas informa��es preliminares sobre o vazamento, o �cido deve ser dissipado sem causar consequ�ncias mais graves, como queimaduras na popula��o local.
"As pessoas n�o v�o ser queimadas e isso n�o vai causar uma contamina��o ambiental. Ningu�m precisa entrar em p�nico", diz Anthony Wong, diretor do Centro de Assist�ncia Toxicol�gica (Ceatox) do Hospital das Cl�nicas.
Wong explica que apenas pessoas que estavam muito pr�ximas do local de um vazamento dessa natureza costumam sofrer com as consequ�ncias do contato com a subst�ncia. "Quando tem um inc�ndio ou quando se joga �gua (no produto), ele libera mais cloro, o que vai causar a intoxica��o, irrita��o, tosse, coriza. Mas o cloro evapora e a nuvem se espalha com o vento", explica.
Segundo Daniel Junqueira Dorta, presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, as rea��es aparecem logo ap�s a exposi��o ao produto. "A irrita��o � imediata, mais ou menos com os mesmos sintomas de quando uma pessoa tem contato com uma grande quantidade de �gua sanit�ria. A pessoa espirra, tosse, porque a subst�ncia irrita as vias a�reas e os olhos", afirma o especialista, que tamb�m � professor de toxicologia da Universidade de S�o Paulo (USP) de Ribeir�o Preto. A subst�ncia � utilizada, principalmente, para produ��o de desinfetantes para limpeza de piscinas.
A auxiliar de cozinha Let�cia Mendes, de 24 anos, precisou sair de casa por causa da exposi��o � subst�ncia. "Por volta das 15h30, eu comecei a sentir um forte cheiro de cloro, mas achei que n�o fosse nada. Mas depois a fuma�a come�ou a entrar em casa e ficou insuport�vel, tive dificuldade de respirar e os olhos ardiam muito", comentou. Ela foi para a casa da m�e, que mora em outro bairro mais afastado.
Let�cia contou ainda que o tr�nsito nos bairros pr�ximos do terminal ficou congestionado porque os motoristas tinham dificuldade de visualiza��o com a fuma�a. "Era muito densa e a cidade estava um caos", ressaltou.
Andreia Olivieri, de 41 anos, que mora a um quil�metro de dist�ncia do terminal no distrito de Vicente de Carvalho, disse que ventava muita na cidade na tarde de ontem, o que fez com que a fuma�a se espalhasse para v�rios bairros. "Minha mulher � asm�tica e estava em casa o dia todo, ela sentiu um cheiro forte e passou mal. Fora o susto por n�o sabermos o que est� acontecendo e o que dever�amos fazer." Na noite de ontem, as duas permaneceram em casa com as janelas e portas totalmente fechadas.
Sair das imedia��es do vazamento � a primeira recomenda��o dos especialistas. "As pessoas podem lavar, tomar banho. O uso de �gua n�o vai tornar mais t�xico", diz Wong.
Dorta explica que alguns grupos podem sofrer mais. "Em quantidades muito altas, os efeitos s�o mais pronunciados. Depende muito da capacidade de respira��o de cada pessoa, mas crian�as e idosos s�o mais suscet�veis, assim como pessoas com bronquite e asma. A gravidade varia de pessoa para pessoa, mas a longa exposi��o pode causar dificuldade de respira��o e at� levar � morte", diz.
O toxicologista diz que, em hospitais, o atendimento aos pacientes � feito por meio de inala��o de oxig�nio quando o sistema respirat�rio � afetado.
Abrigo. Anderson Bernardes, secret�rio adjunto de Defesa Civil do Guaruj�, disse estimar que cerca de 600 a 700 moradias, que ficam em um raio de 100 metros quadrados do terminal de cargas, precisaram ser esvaziadas.
"Ainda n�o sabemos por quanto tempo essas fam�lias ter�o de ficar fora de suas casas por seguran�a, mas recomendamos que elas se abriguem na casa de amigos ou parentes. J� estamos preparando um abrigo para aqueles que n�o tiverem aonde ir, caso seja necess�rio que passem a noite fora de casa", afirmou ele.
Ainda segundo Bernardes, 45 pessoas foram atendidas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Central e Boa Esperan�a. Elas relatavam sentir ard�ncia na pele e nos olhos e dificuldade para respirar. Outras duas UPAs, que ficam pr�ximas do terminal, foram fechadas por causa da fuma�a. Pacientes de um pronto-socorro precisaram ser transferidos. "O Ex�rcito e a Universidade de Ribeir�o Preto (Unaerp, que tem curso de Medicina no c�mpus do Guaruj�) est�o nos cedendo m�dicos e enfermeiros para auxiliar neste momento." As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.