Cerca de 500 mil pessoas seguem o Bloco da Preta, da cantora Preta Gil, que come�ou por volta das 13h deste domingo, 31, no centro do Rio de Janeiro. No trio el�trico, Preta � acompanhada por artistas que a cantora batizou de "sua corte". Pela primeira vez, tamb�m participa o cantor e compositor Gilberto Gil.
O pai de Preta Gil foi o primeiro a entrar no trio, acenando para os foli�es. Mas o p�blico demonstrou anima��o realmente quando os atores de televis�o sa�ram da van que transportou a "corte". A funkeira Ludmila foi agarrada no meio do caminho por uma f� que ultrapassou o cord�o de isolamento.
"O Bloco da Preta � o da diversidade. Aqui o importante � voc� ser voc�", afirmou a cantora ao iniciar a festa. Em frente � igreja onde se casou, no ano passado, Preta mandou um beijo para o padre e, sob gritos dos f�s, estimulou as mulheres a pedirem seus namorados em casamento.
Entre os foli�es, h� cariocas e turistas de outros Estados, que vieram especialmente para o bloco e retornam a suas cidades na segunda-feira, 1º de fevereiro. "Admiro a Preta como artista, ela tem fam�lia. S�o valores que eu tamb�m tenho", disse o estudante Alexandre Rosa, de 36 anos, que contou ter deixado a m�e doente, de quem cuida, em casa, para ter a oportunidade de tirar uma foto com a cantora baiana. Gil come�ou sua apresenta��o cantando "o Rio de Janeiro continua lindo", verso da m�sica "Aquele Abra�o".
O mineiro Paulo Sa�de, de 40 ano, morador de Copacabana, tamb�m se misturava � multid�o na expectativa da sa�da do bloco. Fantasiado de Peppa Pig, desenho animado infantil, ele disse que queria mesmo era brincar o carnaval.
“Esta � a primeira vez que venho no bloco da Preta. Gosto muito de sair na Banda de Ipanema – � muito divertido. Mas tamb�m costumo sair em outros blocos. J� estive no Fogo e Paix�o [desfilou tamb�m hoje pelas ruas do centro] e, com certeza, sairei em outros at� o fim do carnaval”.
Segundo o inspetor Andr� Luiz, que comandava os trabalhos da Guarda Municipal no acompanhamento do Bloco da Preta, cerca de 190 homens estavam envolvidos na opera��o e entre as principais preocupa��es da Guarda estavam os que urinam nas ruas.
“Infelizmente, ainda � grande o n�mero dessas pessoas que sujam a cidade. � uma das nossas principais preocupa��es, assim como os ambulantes, o consumo excessivo de bebida alco�lica e os furtos, comuns em aglomera��es como essas”.
Bermuda branca, camisa estampada e com uma guitarra, Gilberto Gil ajudava a filha a puxar o bloco, que tinha ainda sobre o carro de som atrizes como Fernanda Paes Leme, Carolina Dieckmann, Let�cia Lima – musa do bloco –, al�m dos cantores Nego do Borel e Ludmila e do promoter David Brazil.
Tamb�m no centro da cidade, na Pra�a Mau�, desfila um dos mais tradicionais blocos da cidade - o Escravo da Mau�, com cerca de 7 mil a 10 mil seguidores.
No oitavo m�s de gesta��o, Roberta Megale desfila no bloco desde 2006. “� um bloco tranquilo. Sempre acompanho o bloco, os ensaios e o Escravo � um bloco bom de desfilar. Acho que vai ser tranquilo, at� porque sempre acompanho esses blocos mais alternativos, onde o pessoal vem ao ensaio e n�o junta multid�o. J� sa� no Imprensa que eu Gamo, sai hoje no Boitat�, vou no Baile da Pra�a 15, na segunda-feira tem o Corre Atr�s, que � um bloco de m�sicos amigos, do Leblon, � por a�”.
Para a psic�loga Isabel Muniz, de 48 anos, frequentadora do Escravo da Mau�, o bloco � uma alternativa saud�vel � “loucura” predominante hoje na maioria dos blocos. “Acho que � um carnaval que traz a alegria do Rio, a fantasia, uma brincadeira sem viol�ncia ou bebedeira em excesso. Esse � o carnaval que � a cara do Rio”, disse.
Os nomes dos blocos s�o variados e criativos - Pipoca no mel, Banda da Amizade Perereca Imperial, � pequeno, mas balan�a, Suvaco de Cristo, Se n�o quiser me dar, me empresta, Vizinha fofoqueira.
Psiquiatria tamb�m � enredo de blocos da �rea de sa�de mental - T� Pirando; Pirado, Pirou, desfila nas ruas da Urca, na zona sul do Rio, e Loucura Suburbana, no Engenho de Dentro, na zona norte. Os blocos s�o formados por usu�rios, t�cnicos e parentes de pacientes de unidades de sa�de mental do estado. Os desfiles j� fazem parte do calend�rio oficial do carnaval de rua da prefeitura.
O T� Pirando, Pirado, Pirou!, re�ne pacientes de unidades como o instituto Municipal Philippe Pinel e fez a festa neste domingo pelas ruas da Urca, com o enredo Faxina nas ideias. Mais arte, mais solidariedade. O Samba � um santo rem�dio, em defesa da reforma psiqui�trica e da n�o interna��o dos pacientes da sa�de mental.
A coordenadora do coletivo Loucura Suburbana, Ariadne Mendes, explicou que a iniciativa ajuda no tratamento e na constru��o da identidade, estimulando a arte e a criatividade entre os internos. "Os pacientes se transformam ao longo do tempo e passam a descobrir o seu lado art�stico, desenvolvendo a identidade”, disse.