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Estado de Minas

Evolu��o de crian�as com microcefalia depende de repeti��o e paci�ncia


postado em 08/02/2016 09:19

S�o Paulo, 08 - O caminho n�o � f�cil, e ningu�m diz que �, mas para quem tem a sorte de receber o tratamento e os incentivos adequados desde o nascimento, a vida com microcefalia pode ser longa, saud�vel e, por que n�o, feliz. Na semana passada um executivo das Na��es Unidas sugeriu o aborto nesses casos e o Minist�rio da Sa�de confirmou 404 casos da m�-forma��o no Pa�s, a maioria no Nordeste.

Aos 6 anos, Micaelly tem uma rotina de estudos e brincadeiras, como qualquer crian�a na sua idade. Aos poucos, aprende a identificar as letras e escrever o nome, hoje seu principal desafio.

Da s�ndrome, diagnosticada aos 12 dias de vida, Micaelly s� sabe que tem a "cabe�a pequena", condi��o que n�o a impede de ter uma vida social ativa ao lado da m�e, Fernanda Silva Santos, de 23 anos. Casada com o primo de primeiro grau, ela acredita que a filha desenvolveu a microcefalia em fun��o da consanguinidade ou depois de uma batelada de exames de raio X que fez no primeiro m�s de gesta��o, quando ainda n�o sabia da gravidez.

Dedicada nos exerc�cios, a menina s� evolui. Corre, pula, toma banho, se veste, escova os dentes, faz as refei��es, penteia o cabelo, dan�a. Tudo sozinha. "Eu aprendi a deixar ela fazer, deixar tentar. Esse � um dos segredos do tratamento. Se sempre tomamos � frente das coisas, eles n�o aprendem, n�o desenvolvem", ensina Fernanda.

No dia a dia, repeti��o e paci�ncia s�o palavras-chave. As orienta��es repassadas pela equipe multidisciplinar da Apae S�o Paulo, onde Micaelly aprende a ter autonomia, s�o levadas para casa e repassadas � exaust�o. "A grande estimula��o n�o ocorre no consult�rio, mas no meio da fam�lia, a partir das tarefas mais simples, como segurar um l�pis, um garfo ou um copo d'�gua", explica a fonoaudi�loga Angela Tampellini. As sess�es de est�mulo, muitas realizadas em conjunto com a terapeuta ocupacional Mona�sa de Lima, trabalham tamb�m a intera��o, por meio do contato com outras crian�as.

Na sexta-feira, a companheira de Micaelly no setor de estimula��o e habilita��o da Apae foi a pequena Maria Vict�ria, de 4 anos. Com diagn�stico de microcefalia derivada de infec��es graves desenvolvidas ainda no �tero - a toxoplasmose e a citomegalovirose -, ela enfrenta mais dificuldades para se desenvolver e, por isso, surpreende pelos resultados.

"At� os dois anos de idade ela n�o sentava, n�o engatinhava, n�o ficava de p�. E chorava muito, o tempo todo. Mor�vamos em Minas e viemos para c� atr�s de respostas. S� recebi a confirma��o da microcefalia em S�o Paulo. Foi quando conseguimos iniciar o tratamento e a nossa vida mudou. A evolu��o dela � incr�vel", conta a m�e, Kelly Francisca de Oliveira, de 28 anos.

Sem a vis�o completa de um dos olhos, Maria Vict�ria demora mais a completar as atividades repassadas por Mona�sa, mas as realiza com concentra��o e cautela, sem qualquer sinal de irrita��o. "O choro sumiu depois que a pediatra receitou Dramin � noite. O rem�dio funcionou como um calmante e, aos poucos, reduziu a dor de cabe�a que ela sentia em fun��o da calcifica��o precoce dos ossos do cr�nio", diz Kelly.

Evolu��o

Os m�dicos afirmam ser imposs�vel ou mesmo irrespons�vel prever como se dar� o desenvolvimento de crian�as com microcefalia, ainda mais nos casos derivados do zika v�rus, com consequ�ncias ainda pouco conhecidas. Como cada caso � um caso, a �nica regra � iniciar os est�mulos o mais precocemente poss�vel, mesmo em beb�s rec�m-nascidos.

O tratamento considerado ideal � multidisciplinar, realizado por profissionais especializados, como fisioterapeutas, fonoaudi�logos, psic�logos, terapeutas ocupacionais, pediatras, neurologistas e geneticistas, al�m de assistentes sociais.

Quem tem a oportunidade de receber est�mulos de toda natureza pode ter esperan�a, diz o m�dico geneticista da Apae Theoharis Efcarpidis. "� poss�vel e necess�rio ter esperan�a. A gente precisa investir nessas crian�as porque elas surpreendem. Na triagem, os pais ficam desesperan�ados, ningu�m d� nada para elas, mas com o tempo podem haver avan�os surpreendentes", diz.

A busca por uma melhora na vida dos pacientes independe do grau da doen�a. "Mesmo aquela crian�a que � mais comprometida tem o direito de ser estimulada, de receber as terapias, os cuidados m�dicos necess�rios. No fim, o que buscamos diariamente aqui � qualidade de vida. Quem tem microcefalia pensa, sente, tem vontade de viver, como todos n�s."

O agora

Lado a lado, Micaelly e Maria Vict�ria n�o demonstram sofrimento, apesar de todas as barreiras que ainda ter�o de enfrentar ao longo da vida. Com quadros leves de microcefalia, em compara��o � s�ndrome gerada pelo zika v�rus, as meninas sobem devagar cada degrau. As m�es acompanham com olhar atento cada passo, tentando focar no presente. "N�o adianta ficar pensando no futuro. Se a gente fizer isso, ficamos doidas. O importante � agora e agora elas est�o bem, muito bem."

As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.


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