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Estado de Minas

Salgueiro faz ode ao malandro e Vila Isabel conta vida de Miguel Arraes


postado em 09/02/2016 07:25 / atualizado em 09/02/2016 08:44

Viviane Araújo é a rainha de bateria do Salgueiro desde 2008(foto: AFP PHOTO/ VANDERLEI ALMEIDA )
Viviane Ara�jo � a rainha de bateria do Salgueiro desde 2008 (foto: AFP PHOTO/ VANDERLEI ALMEIDA )

Com uma ode ao malandro, o Salgueiro fez nesta segunda-feira (8) na Sapuca� um desfile � altura do campeonato com que tanto sonha. A escola, "mordida" por dois segundos lugares seguidos, em 2014 e em 2015, arrebatou a avenida com um samba de refr�o contagiante e batida com sabor africano, que j� era o mais cantado no pr�-carnaval e ganhou mais for�a no Samb�dromo. O casal de carnavalescos Renato e M�rcia Lage retratou o malandro das ruas, dos becos, do boteco, do carteado, das corridas de cavalo, do teatro de revista e das religi�es de matriz africana, "o rei das favelas", apresentado em carros aleg�ricos e fantasias ricamente executados.

Na figura do Z� Pilintra, entidade das mais importantes das religi�es africanas que � exaltada no enredo, o malandro, de chap�u, terno branco e sapato bicolor ou na vers�o de camiseta listrada, sambou "num palco sob as estrelas", acompanhado de componentes caracterizados como a Pomba Gira. Potentes, as performances foram muito aplaudidas. A escola ganhou o p�blico, que a saudou como campe� na dispers�o. No domingo (7), somente a Beija-Flor, que fez um desfile sobre o Marqu�s de Sapuca�, mereceu essa defer�ncia.

O malandro batuqueiro do Morro do Salgueiro, na Tijuca, zona norte do Rio, � do bem. Circula pela Pra�a Tiradentes, no centro do Rio, por cassinos, convive com prostitutas, transformistas e mendigos e tenta driblar as dificuldades da vida. O enredo se chama "A �pera dos malandros", uma refer�ncia ao musical de Chico Buarque, que aprovou a ideia, mas n�o desfilou. Max Overseas, o malandro de sua obra, desfilou, assim como Geni - a bateria de mestre Marc�o tinha m�scaras do personagem, e um zepelim sobrevoou os ritmistas (a estrutura infl�vel era segurada por componentes no ch�o por meio de cordas).

A escola foi ajudada financeiramente por praticantes de religi�es africanas que s�o devotos do Z� Pilintra - Renato Lage deu entrevista dizendo que o enredo era em homenagem � entidade, uma novidade na Sapuca�, em sua vis�o, e que esta intercedeu para que a apresenta��o tivesse sucesso.

A presidente Regina Celi Fernandes estava confiante no bom desempenho. Na concentra��o, ela vivia a expectativa de superar a Beija-Flor, atual campe� e melhor a desfilar na primeira noite de desfiles. Ela assumiu o microfone dos cantores para pedir aos integrantes da escola que cantassem. "� s� isso que precisamos: que todos cantem". No setor 1, a escola conquistou a arquibancada com uma r�pida apresenta��o da comiss�o de frente, que representou os malandros dan�ando com as damas da noite. O p�blico n�o abandonou o Salgueiro Sapuca� adentro.

Vila Isabel

Sabrina Sato desfila pela Vila Isabel em ousada fantasia (foto: AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON )
Sabrina Sato desfila pela Vila Isabel em ousada fantasia (foto: AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON )

A Vila Isabel abriu a noite contando a vida de Miguel Arraes, pol�tico cearense tr�s vezes governador de Pernambuco. A escola retomou uma tradi��o de enredos pol�ticos, com forte cunho social. Logo no come�o da apresenta��o, a comiss�o de frente de Jaime Ar�xa trouxe um cortejo f�nebre nordestino, com corpos carregados em redes, e a morte pairando sobre a avenida - um belo efeito da patinadora Telma Delelis, que n�o parecia patinar, mas deslizar. "N�o � a morte f�sica. � a morte pela falta da cultura, da educa��o. E combina com o carnaval, porque a vida retoma com a chegada da cultura", explicou Ar�xa.

Para homenagear o centen�rio de Arraes, as mazelas sociais que ele enfrentou foram lembradas na avenida: a seca, as moradias sobre palafitas, as dificuldades dos cortadores de cana, o analfabetismo. Esses temas vieram ao lado de �cones culturais de Pernambuco, como o frevo e o bloco carnavalesco Galo da Madrugada, que mereceu um enorme carro ao fim do desfile. "� obriga��o da escola de samba trazer uma mensagem, apresentar uma proposta, fazer a cr�tica social", afirmou Martinho da Vila, autor do enredo e um dos compositores do samba, ao lado da filha Mart'n�lia, de Arlindo Cruz , Andr� Diniz e Leonel. Martinho encarnava um cangaceiro. O sambista se emocionou do come�o ao fim da passagem da escola, da qual � presidente de honra e s�mbolo maior.

Os filhos do ex-governador, a ministra do Tribunal de Contas da Uni�o Ana Arraes e o cineasta Guel Arraes, e o neto Antonio Campos, filho de Ana, desfilaram � frente da Vila. "Esse � o enredo sobre um pol�tico que teve compromisso com o povo, que n�o desistiu nunca, jamais. � preciso lutar por um Brasil democr�tico. Toda a fam�lia est� muito satisfeita", afirmou Ana.

Se o come�o do desfile teve tons p�lidos, aludindo � seca, � caatinga e ao mangue, a escola foi ganhando cores ao longo da apresenta��o, quando entraram os programas de educa��o criados por Arraes e as express�es culturais nordestinas, como o cordel, o xaxado e os repentistas. O carro que representou o Galo da Madrugada, todo colorido, soltava bombas de serpentina e ganhou muitos aplausos do p�blico. Arraes s� foi representado ao fim, num boneco de Olinda, ladeado por integrantes vestidos como foli�es do Galo da Madrugada.

A bateria veio vestida de Le�o do Norte, figura presente na bandeira pernambucana, um tributo � for�a do povo. Sabrina Sato era a guerreira que defendia esses le�es. "Eu represento a coragem e a ousadia da mulher pernambucana. Essa mulher forte. � um enredo lindo, que faz essa uni�o do frevo com o samba. A Vila � uma escola tradicional que sabe fazer essas misturas muito bem", contou a apresentadora, que desfilou com grandes curativos nos ombros. Ela ficou machucada no desfile da Gavi�es da Fiel, em S�o Paulo. "Dizem que na hora a gente n�o sente. Mentira. Sente, sim. Mas a emo��o � t�o grande que voc� segue em frente", disse Sabrina.

O tom pol�tico j� havia sido sentido na avenida no domingo (7), durante o desfile da Mocidade. A escola falou de Dom Quixote de La Mancha e ousou ao comparar os moinhos enfrentados pelo personagem de Miguel de Cervantes aos percal�os da vida do brasileiro; entre eles, a corrup��o. A comiss�o de frente fazia alus�o ao esc�ndalo na Petrobras.

 


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