Grande n�mero de casos de dengue e zika causa caos em postos de Ribeir�o Preto

Ribeir�o Preto, 09 - O grande n�mero de casos de dengue e de suspeita do zika em Ribeir�o Preto transformou em caos o atendimento nos postos m�dicos. Na Unidade B�sica de Sa�de do Quintino Facci II, na periferia, uma cena chamava a aten��o no in�cio da tarde de segunda-feira, 8: o auxiliar de produ��o Misael de Oliveira Souza, de 30 anos, aplicava soro na mulher, Fabiane, no banco de uma pra�a, do lado de fora.

"L� n�o tem espa�o e est� t�o tumultuado que nem viram eu sair com ela." A mulher teve dengue. Em outro banco da pra�a, J�lio C�sar Sales Silva, de 21 anos, desempregado, esperava ser chamado para um exame. "Acho que estou com o zika", disse, mostrando a pele com manchas vermelhas. Ao lado com o filho Pietro, de 10 meses, no colo, sua mulher Caroline, 23, esperava o resultado de exames para dengue, chikungunya e zika. "Ainda bem que n�o fiquei gr�vida de novo", disse ela.

At� as 13 horas, 405 pessoas j� tinham passado pela unidade, a maioria com sintomas das doen�as transmitidas pelo Aedes. Com dengue, o aposentado Luis Carlos Rizetti, de 65 anos, n�o conseguiu esperar sentado e deitou-se no piso. "Faz mais de tr�s horas que estou esperando, n�o aguento mais." Com dor de cabe�a e no est�mago, Carla Marques Gabaldo, de 39 anos, reclamava da demora para pegar o resultado do exame da zika. "Estou quase desistindo."

No corredor, � espera de atendimento, Alessandra Ferreira Cravo, de 43 anos, passou mal e caiu, batendo a cabe�a. A operadora de caixa Daniele Camila Cardoso, de 30 anos, tinha o corpo coberto por manchas vermelhas e g�nglios no pesco�o. "Acho que peguei zika e estou com medo de passar para minha filha, Lav�nia, de 5 anos."

Na UBDS Central, at� o meio-dia, 312 pessoas tinham sido atendidas. A vendedora Jordana Bicalho, de 22 anos, com o corpo coberto de manchas e caro�os na base do rosto, estava desesperada. � espera da confirma��o de uma gravidez, ela suspeitava ter pegado zika. "Uma amiga que mora comigo pegou", disse.

Os pacientes lotavam as salas e eram chamadas aos gritos por uma atendente que tentava organizar as filas. A reclama��o contra a demora era geral. Jennifer Cristina dos Santos, de 23 anos, chegou �s 8 horas e ao meio-dia passara s� por triagem. "Tive v�mitos e manchas, acho que n�o � s� dengue."

A Secretaria Municipal de Sa�de de Ribeir�o Preto n�o funcionava nesta segunda-feira, ponto facultativo pelo carnaval. As ger�ncias das unidades foram procuradas, mas n�o quiseram falar com a reportagem. Procurado por e-mail no in�cio da manh�, o secret�rio St�nio Miranda n�o havia dado retorno at� o fim da tarde.

Exemplo

A preocupa��o na cidade � generalizada. A dona de casa Elis�ngela Ferreira Maia Zampier, de 36 anos, e seu marido, o mec�nico de manuten��o M�rcio Zampier, de 44, moradores de Ribeir�o Preto, interior de S�o Paulo, est�o h� uma semana contando as horas. Gr�vida de 15 semanas, ela foi diagnosticada com dengue no dia 2 e inclu�da no grupo suspeito de zika. "� uma agonia sem fim", afirmou.

Enquanto espera o resultado, Elis�ngela tem atendimento preferencial na rede p�blica. A gravidez foi considerada de alto risco. "Meu pr�-natal era a cada m�s, mas agora a cada 15 dias fa�o exames para ver como est� o beb�." Cat�lica, ela conta que se apegou � religi�o, reza o ter�o e l� a B�blia. "Tenho f� e sinto que est� tudo bem com ele. Fiz o �ltimo ultrassom antes de pegar a dengue e estava tudo bem, mas ainda nem dava para ver o sexo do beb�."

Zampier conta que faz pente-fino todo dia no quintal para evitar o ac�mulo de �gua que possa virar criadouro do Aedes aegypti. Ele n�o tem ideia de onde a mulher foi picada pelo mosquito. "O bairro tem muitos terrenos com lixo e uma ida ao supermercado j� � um risco."

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.