Gene pode prever risco de psicose entre usu�rios de maconha

S�o Paulo, 16 - Cientistas brit�nicos identificaram um gene que pode ser utilizado para prever o quanto um jovem usu�rio de maconha � suscet�vel a desenvolver psicose. De acordo com o estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Exeter e do University College London (UCL), cerca de 1% dos usu�rios de maconha desenvolvem esse tipo de altera��o mental.

A pesquisa, publicada nesta ter�a-feira, 16, na revista cient�fica Translational Psychiatry, tamb�m mostra que as mulheres que fumam maconha s�o potencialmente mais suscet�veis que os homens � perda de mem�ria de curto prazo provocada pela droga.

De acordo com os autores do estudo, pesquisas anteriores j� haviam sido feitas com foco em pessoas que j� sofrem com psicose. Mas o novo trabalho observou pessoas saud�veis e examinou suas respostas agudas, isto �, como a droga afeta suas mentes.

Um estudo anterior havia determinado uma liga��o entre o gene AKT1 e pessoas que j� haviam desenvolvido psicose. No novo estudo, Celia Morgan, professora de psicofarmacologia da Universidade de Exeter e Val Curran, do UCL, descobriram que jovens com uma varia��o no gene AKT1 experimentam distor��es visuais, paranoia e outros sintomas psic�ticos de forma mais acentuada quando est�o sob influ�ncia da maconha.

Embora apenas 1% dos usu�rios desenvolvam psicose, o impacto pode ser devastador e de longa dura��o, segundo os cientistas. De acordo com eles, sabe-se que o uso di�rio de maconha dobra o risco de desenvolver desordens psic�ticas, mas tem sido dif�cil estabelecer quem s�o os indiv�duos mais vulner�veis.

Os cientistas haviam descoberto previamente uma alta preval�ncia de uma variante do gene AKT1 em usu�rios de maconha que desenvolveram psicose. Agora, pela primeira vez, uma pesquisa demonstra a liga��o entre o mesmo gene e os efeitos da maconha em jovens saud�veis.

"Essa descoberta � a primeira a demonstrar que pessoas com o gen�tipo AKT1 t�m muito mais probabilidade de experimentar efeitos fortes ao fumar maconha, mesmo que elas sejam saud�veis antes disso", disse C�lia.

Segundo Celia, embora a psicose induzida pela maconha seja muito rara, quando ela ocorre, pode ter "impactos terr�veis nas vidas dos jovens". "Essa pesquisa pode ajudar a encontrar o caminho para a preven��o e para o tratamento da psicose da cannabis", afirmou a pesquisadora.

Curran afirma que o estudo � o maior j� conduzido sobre a resposta aguda � maconha. "Nossa descoberta de que sintomas psic�ticos quando um jovem est� sob efeito da droga s�o previstos por variantes do gene AKT1 � um avan�o emocionante. Acredita-se que essa rea��o aguda seja um marcador do risco de desenvolvimento de psicose a partir do uso da droga", declarou.

O estudo envolveu 442 jovens usu�rios de maconha que foram testados tanto s�brios como sob a influ�ncia da droga. Os cientistas mediram a extens�o dos sintomas de intoxica��o e o efeito na perda de mem�ria. Os dados foram comparados com os resultados obtidos sete dias depois, quando os jovens estavam livres do efeito da droga. Eles constataram ent�o que os que tinham a varia��o no gen�tipo AKT1 tinham mais probabilidade de experimentar a resposta psic�tica.

A pesquisa tamb�m apontou que mulheres s�o mais vulner�veis que os homens a preju�zos na mem�ria de curto prazo depois de fumar maconha.

"Estudos em animais mostraram que os machos possuem maior n�mero dos receptores onde a maconha funciona em partes do c�rebro importantes para a mem�ria de curto prazo, como o c�rtex pr�-frontal. Precisamos de mais pesquisas nessa �rea, mas nossos resultados indicam que os homens podem ser menos sens�veis que as mulheres aos efeitos prejudiciais da maconha sobre a mem�ria", disse Celia.