S�o Paulo, 18 - A ocorr�ncia da s�ndrome de Guillain-Barr� (SGB) no Brasil cresceu 19% entre janeiro e novembro de 2015, de acordo com a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), em rela��o � m�dia dos anos anteriores. O n�mero total de pacientes registrados com a doen�a autoimune no per�odo foi de 1.708, o que corresponde a mais de 5 casos por dia. O Pa�s � o mais afetado pela zika no mundo e a OMS afirma que h� uma "rela��o prov�vel, embora ainda n�o comprovada" entre o v�rus e a s�ndrome, que pode causar paralisia.
De acordo com a OMS, o aumento da incid�ncia foi maior em Alagoas (aumento de 516,7%), Bahia (196,1%), Rio Grande do Norte (108,7%), Piau� (108,3%), Esp�rito Santo (78,6%) e Rio (60,9%).
O vendedor Ideraldo Luiz Costa Duarte, de 43 anos, foi uma das v�timas. Ele chegou cedo ao est�dio onde seu time disputaria uma partida de futebol por uma liga amadora de Macei�. Era um domingo de junho e ele se apressava para vestir o material esportivo. Mal cal�ou as chuteiras, no entanto, sentiu uma dorm�ncia nas pernas, que logo foi se espalhando pelos bra�os e l�bios. Foi para casa.
Acabou internado no Hospital Geral do Estado (HGE), onde fez uma s�rie de exames sem chegar a nenhum resultado conclusivo, e sofreu uma parada card�aca. "Pensei que fosse morrer", relembra. "Acordei na Santa Casa (de Miseric�rdia de Macei�, refer�ncia na doen�a), onde finalmente descobriram que era Guillain-Barr�", lembra. Ele foi um dos 50 pacientes diagnosticados com a s�ndrome no Estado em 2015 e tratados pela equipe liderada pelo hematologista Wellington Galv�o. "Em um Estado em que a m�dia anual de pacientes com a s�ndrome � de 12 casos, o volume registrado no ano passado assusta", diz Galv�o. "Para se ter uma ideia, de mar�o a dezembro, 43 casos est�o diretamente ligados ao zika", afirma o profissional, que preside o Sindicato dos M�dicos de Alagoas.
"O n�mero de casos aumentou exatamente no mesmo per�odo de avan�o das viroses (zika, dengue e chikungunya, ligadas ao 'Aedes aegypti')", observou o m�dico neurologista Marcelo Adriano Vieira, respons�vel pela investiga��o dos casos de Guillain-Barr� no Piau�. Foi o que aconteceu com o artista pl�stico Fabiano Campos, de 72 anos. "Fiquei com 49 quilos e tenho 1,78 metro", diz ele.
Campos acabou paralisado: perdeu o movimento dos membros superiores e inferiores. Se alimentava por uma sonda e n�o falava. O tratamento foi dif�cil e, segundo o m�dico Roberval Leite, s� n�o houve mais problemas por causa do diagn�stico r�pido da s�ndrome.
No Piau�, 42 pacientes foram diagnosticados com Guillain-Barr�, ante 23 no ano anterior. Em Pernambuco, foco dos casos atuais de microcefalia, 50 casos foram registrados, ante14 no ano anterior. Na Bahia, s� at� julho de 2015 houve 42 casos confirmados, dos quais 26 t�m hist�rico de zika, dengue ou chikungunya, segundo a OMS. No Rio Grande do Norte, em 2014, 33 pacientes tiveram a s�ndrome confirmada, ante uma m�dia de 20 casos por ano.
Incerteza
O Minist�rio da Sa�de confirmou a associa��o entre a Guillain-Barr� e o v�rus da zika em dezembro. Na quarta-feira, 17, o Hospital Universit�rio Ant�nio Pedro (Huap-UFF), do Rio, e a Fiocruz firmaram acordo para a realiza��o de pesquisas conjuntas sobre a rela��o do zika n�o s� com a Guillain-Barr�, mas tamb�m com casos de encefalites e encefalomielites.
Por enquanto, qualquer associa��o � prematura, segundo o neurologista Fernando Cendes, da Faculdade de Ci�ncias M�dicas da Unicamp. "Pode ser efeito do aumento do conjunto de viroses no Pa�s." (Colaboraram Roberta Pennafort e Luciano Coelho e Carlos Nealdo, especiais para AE)
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.